Alice sonhava com um bem precioso
Tão raro de ser conquistado
Pois era um tesouro tão valioso
Naquele chão vermelho do Batatal
Em Santana do Ipanema
Nas terras das Alagoas.
Outras Alices também
Nesse Brasil a fora
Queriam tanto esse bem
Tão precioso em tempos de outrora
Substituído pelas prendas domésticas
Que preparavam as boas esposas
Não sabiam aquelas Alices
Que esse bem cultural
Destinado a poucos
Não só nas terras dos marechais
Pertenciam as elites
Possuidoras de bens materiais.
Como a Alice do Batatal
Muitas Alices não se contentaram
Enfrentando preconceitos e dificuldades
Foram à luta e reivindicaram
Por esse bem cultural
Tão valioso sem igual.
Que bem cultural é esse
Tão disputado e querido
Seria um tesouro melhor do que um marido?
Era a cultura das letras
Que desvendava os fenômenos do mundo
Em qualquer espaço do planeta.
Que bem cultural é esse
Tão discutido, defendido e negado
Por filósofos do presente e do passado
Negado para as massas por Voltaire
Defendido em doses homeopáticas por Smith
E defendido como um bem cultural por Marx.
Esse bem cultural da leitura e da escrita
Não pertence, ainda, a todas as Alices
Desse torrão Santanense
Das terras das Alagoas
Desse Nordeste tão quente
E desse Brasil tão influente.
Maceió, 28 de julho de 2009.
Poesia elaborada por Fátima Lima, para comentar o “Sonho de Alice” do romance de Lúcia Nobre
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