O BARBEIRO QUE NÃO VEIO DE SEVILHA

Histórias Engraçadas

Fábio Campos

Todo mundo sabe o que a barbearia vai muito além de um mero lugar de asseio dos pelos do rosto ou do couro cabeludo. Em qualquer lugar do mundo, é na barbearia o ponto de encontro e o centro de debates de todo tipo de assunto que vai desde futebol à política. E de quebra a vida alheia. É ele o barbeiro o interlocutor por excelência e palpiteiro pela natureza do seu trabalho. Não foi à toa que o italiano Rossini se inspirou nesse ambiente para compor a sua mais famosa ópera: “Fígaro O Barbeiro de Sevilha”.

Existe aqui em Santana, lá no início da Rua Zé Amorim, encolhida num cantinho quase despercebida a Barbearia de Firmino, a mais de quarenta anos esse cidadão santanense vive, até hoje, sua vida de barbeiro. Quando criança era lá que papai nos levava para o corte de cabelo. E depois ele fazia a barba. O papo preferido entre meu pai e Firmino eram as peripécias de ambos quando mais jovens e recordavam sempre de um episódio que referia-se as frustradas tentativas do barbeiro pra se tornar violeiro, repentista intercalavam o colóquio com piadas do Coroné Ludugero, Atropi e a “véia” Ontonha, comediantes que morreram na década de setenta em acidente aéreo. Vez por outra repetiam o jargão do Coroné Ludugero:

-Seu Mané como vai? Seu Mané Ainda fede muito?

E desatavam a rir. Quando um barbeiro terminava o serviço, o freguês tinha três opções pra fazer a assepsia: passar álcool, talco ou apenas molhar. Daí uma frase é motivo de galhofa dos barbeiros até hoje:

-Qué áico, táico ou qué que múi?

Santana do Ipanema 17/07/2009

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