HOMENAGEM A FREI ROVÍLIO

Crônicas

Paiva Netto

Desde menino, com as histórias contadas pelo meu saudoso pai, Bruno Simões de Paiva — que na mocidade andou pelos pampas —, nutro carinho especial pelo Rio Grande do Sul. Na maturidade, a graça divina premiou-me com um filho nascido neste rincão. Povo hospitaleiro, ofertou-me amizades leais. Uma delas, o professor, escritor e editor Frei Rovílio Costa, deixou-nos no sábado, 13/6. Seu amor pelos pobres e zelo com o desenvolvimento da cultura sempre nos acompanharão. Caro amigo, receba, onde estiver, pois os mortos não morrem, as minhas sinceras homenagens e da Legião da Boa Vontade. Sua vida prossegue em novos pagos e que, do seio do Criador, suas obras continuem a nos inspirar. Deus o abençoe!

É urgente reeducar!
No próximo 4 de julho, ocorre, em diversas regiões do país e no exterior, a conclusão do 34o Fórum Internacional da Juventude Ecumênica Militante da Boa Vontade. O tema por eles escolhido foi “É urgente reeducar”, título de página de minha autoria, constante do editorial de “Sociedade Solidária”, encaminhada pela LBV à ONU, em diversos idiomas, a partir de 2000, como modesta contribuição para a vivência pacífica dos povos.
Esses jovens solicitaram-me que publicasse extratos do documento que norteou o estudo deles. Com muita honra, dentro do possível, os atenderei:

Cuida do Espírito, reforma o Ser Humano. E tudo se transformará.
É de Aristóteles (384-322 a.C.) o ensinamento:
“Todos quantos têm meditado na arte de governar o gênero humano acabam por se convencer de que a sorte dos impérios depende da educação da mocidade”.
Tem razão o estagirita.
Educação e cultura com espiritualidade ecumênica para o povo, desde o ensino básico, destacam-se entre as preocupações antissectárias maiores da Legião da Boa Vontade, ao lado de sua aplaudida promoção humana e social (...). Aliás, na verdadeira democracia — que deve ser entendida e vivenciada como o regime da responsabilidade — todos têm direito à liberdade de expressão, manifestado com o necessário bom senso e sentido de dever, alcançado com o amadurecimento espiritual, ético, portanto, democrático. E mais: o direito ao trabalho, à segurança, à saúde, à alimentação, ao lazer (alegria sem baixaria). Tudo isso com a indispensável espiritualização do sentimento, em qualquer estágio histórico do progresso das nações.
No ensino reside a grande meta a ser atingida, já! E vamos mais longe: somente a reeducação, até mesmo dos educadores, como recomendava o jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979), é capaz de garantir-nos dias de prosperidade e harmonia.

Sem temor
Porém, como escrevi em meu livro “Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade” (1987) e anteriormente no “Jornal da LBV” (janeiro de 1984): (...) quando falamos na união de todos pelo bem de todos, alguns podem atemorizar-se, pensando em capitulação de seus pontos de vista na enfadonha planura de uma aliança despersonalizada, o automatismo humano deplorável. Não é nada disso. Na democracia, todos têm o dever (muito mais que o direito) de — honestamente (quesito básico) e com espírito de tolerância — enunciar seus ideais, sua maneira de ver as coisas. Entretanto, ninguém tem o direito de odiar a pretexto de pensar diferente, nem viver intimidado pela mesma razão. Dizia Gandhi (1869-1948) que “divergência de opinião não é motivo para hostilidade”. E foi por nisso acreditar que, com certeza, o Mahatma se tornou o personagem principal da independência do seu povo.
É ainda do sábio indiano esta notável afirmativa, quanto à necessidade de se fomentar a cultura de paz nos corações para vencer as animosidades entre os diferentes: “Que seus pensamentos sejam positivos porque eles se transformarão em palavras. Que suas palavras sejam positivas porque elas se transformarão em ações. Que suas ações sejam positivas porque elas se transformarão em valores. Que seus valores sejam positivos porque eles determinarão seu destino”.

Mesmo que diferentes
Destino traz à mente o fulgor das crianças nas quais pensávamos ao nos referir ao ensino básico. E lhes apresento o resultado desse esforço, quando bem-feito, nas palavras de um Soldadinho de Deus, que vem crescendo sob as asas da Pedagogia do Afeto, bandeira de vanguarda da LBV. Letícia Tonin tinha 7 anos quando disse: “O Amor é maior do que tudo, mesmo que as pessoas sejam diferentes”.


José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@uol.com.br — www.boavontade.com

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