Escrito em 1972
Olhei para você! Senti na alma não poder ajudá-lo. Vi nos seus olhos o anseio de dá um passeio numa daquelas diversões do parque, armado em uma das praças da cidade. Parei para pensar e cheguei a conclusão que se eu fizesse com que você matasse aquele anseio, estaria eu lhe proporcionando uma alegria que as outras crianças têm mas não notam, porque podem tê-las tantas e quantas vezes queiram.
Mais alegre do que você ficou eu, ao vê-lo sorridente passeando junto ao meu irmão mais novo, em um dos vagões da montanha Russa. Notei que havia alegria em ambos, mas em você a satisfação era mais acentuada, como que para você aquilo fosse um sonho, mas, que mais tarde tudo voltaria que era: tristeza, solidão, pobreza, fome, revolta, enfim, tudo de ruim voltaria a envolver aquela criança, coitada! Que talvez esteja sofrendo tudo aquilo em lugar de uma outra pessoa que bem merecia este sofrimento.
Você veio ao mundo para sofrer? Imagino as necessidades e privações que você passa na sua vida! Que bom seria se uma outra pessoa visse o que vi e tentasse lhe dar aquela oportunidade, para descobrir em você aquilo que está oculto. Sua capacidade! Como seria bom se cada um de nós pudesse ajudar uma criança e torná-la uma pessoa útil à sociedade. Porque "a coisa mais só que existe é uma criança sozinha".
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