O Nordeste brasileiro
Do sertanejo valente,
Onde a água jorra quente
Nas cacimbas dos riachos,
Vem à seca, nasce à fome,
Foge a Pomba morre o gado,
Fazendo sofrer o homem
Sem ter comida no tacho.
Mesmo enfrentando a seca
O sertanejo sobre-sai,
Pois sendo ele capaz
De lutar contra o tempo,
Não importa o momento
A luta é sempre renhida,
Faz trapaça, ganha o jogo,
Também se passa por doido
Para vencer nesta vida.
Eu conheci um caboclo
Cheio de esperteza,
Onde a própria natureza
Delineou seu capricho,
Foi banqueiro de bicho
Manipulou o baralho,
Pra não haver atrapalho
E sem querer dá mancada
O nome desse sujeito
Vou lhe dizer é Cocada.
Já bancou jogo na feira
Fez traqueijo no bozó,
Trambicou no dominó
E no jogo do dedal,
Vivia sempre na boa
Jogando cara ou coroa
Na Praça da Matriz,
Era um homem feliz
Fazendo suas trapaças
Um sujeito bom de raça
Não levava a vida à toa,
Na Fazenda do Vevé
Numa confraternização,
Chegou este cidadão
Para jogar na pelada,
Mas não esqueceu a prática
De fazer a marmelada,
Papo aqui, papo acolá
E o Mané logo entrava
No conto do Cocada.
Eu fui um dos que entrei
No seu papo maravilha,
Encomendei duas pilhas
Para a máquina digital,
Mas seu espírito genial
De sempre querer mais,
Paguei-lhe quatro reais
E não exigi a nota,
Até parece lorota
Esta minha indagação,
Pois vim saber que as pilhas
Teve preço reduzido
Pois o Cocada sabido
Só gastou foi dois reais.
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