José Bernardo da Silva era alagoano, da cidade de Palmeira dos Índios, tendo nascido aos 02 de novembro de 1.911, e veio a falecer na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará,no dia 23 de outubro de 1.972.
Criei-me no interior do município, e como matuto, gostava muito de ler os chamados ‘’romances de meio de feira’’ que meu pai comprava, nascendo daí meu gosto pela literatura de cordel, cujo sabor me acompanhou até hoje, sou um admirador da poesia, não descendo de poetas, mas gosto da poesia. E quando garoto li muitos dessas histórias delas tão hilariantes quando belas e cheias de emoções, e o poeta José Bernardo era sempre lido e comprado por meu pai. Pena que estes monstros da poesia hoje estejam no ostracismo, quase ninguém fala neles, que sem escolas, sem universidades, possuíam uma inteligência primorosa, capaz de encantar os eruditos.
Outro poeta do mesmo quilate que José Bernardo, foi Espedito Sebastião da Silva, assim escreveu sobre seu colega: ‘’José Bernardo da Silva/ morrendo deixou ficar/ uma lacuna na nossa/ poesia popular/ ficou o mundo poético/ com tristeza sem par’’. O poeta José Bernardo viveu praticamente de poesia, sendo proprietário da Folheteria Silva, na cidade de Juazeiro do Norte onde passou a residir. Dentre tantas produções suas fica difícil enumerá-las, porém citamos algumas como: ‘’conselhos paternais’’, ‘’o cruzeiro do horto’’ ‘’ lampião na Bahia’’ ‘’um pouco de tudo’’/ além de tantos outros, e seu clássico ‘’a pranteada morte do padre Cícero Romão Batista’’. Observa-se nessa narrativa em estrofes de sete versos, a fidelidade ao fato da morte do taumaturgo religioso, face o poeta, certamente, estar residindo em Juazeiro, quando ocorreu o falecimento do Pe. Cícero. Tanto em prosa quanto em rimas a história é sempre a mesma.
Senão, vejamos a primeira estrofe da obra em apreço: ‘’muito triste e pesaroso’’/ chamo o leitor atenção/ para tratar num assunto/ de grande lamentação/ que se acha o pessoal/ pela ausência fatal/ do padre Cícero Romão’’. E segue por aí, descrevendo toda história como realmente o fato aconteceu bem seqüenciado, e sem se desviar do assunto. No fim de sua narrativa, escreveu: juazeiro, 17/09/64’’.
A obra do poeta José Bernardo é vasta e bem feita, se a vida não lhe deu o diploma universitário, mas lhe fora pródiga na poesia, melhor que ninguém escrevia com facilidade, porque a poesia lhe fluía nas veias e a inteligência lhe era fecunda. Poucos poetas chegaram ao patamar que ele chegou no campo da poesia, haja vista ter abordado sobre todos campos da alma humana suas tragédias, como amor, sofrimento, brigas, religião, cangaço, romarias, secas, as belezas dos sertão, enfim, soube, pois, José Bernardo ser um poeta completo.
E quando já se aproxima do centenário de seu nascimento (2011), a Academia Brasileira de Cordel, com sede em Fortaleza, e, sobretudo a Academia de Letras de Palmeira dos Índios, terra desse imortal esquecido, promovam condições e reuniões no sentido de comemorar a vida de tão ilustre palmeirense desconhecido. E este semanário, recipiendário da cultura sertaneja, certamente, saberá enfocar melhor toda esta história perlustrada de momentos tão agradáveis no campo da poesia.
Comentários