O CHAMADO DE CRISTO É PARA A CRUZ

José Vaneir Soares Vieira

Os primeiros cristãos foram feitos alimento, comida das feras – leões, ursos... Os primeiros cristãos foram embebidos em cera e óleo e incendiados... Os primeiros cristãos foram feitos tochas humanas para iluminar ruas, para iluminar o jardim da Nero...

Todas essas coisas não aconteceram porque eles pregaram que Cristo era um treinador para fazer as pessoas finalmente conquistarem seus sonhos, carreira, romance, relacionamentos... um mero ajudador e capacitador para que o homem conquistasse tudo aquilo que seu coração natural sempre desejou longe de Deus.

Eles foram tratados assim porque proclamaram Cristo como o único SENHOR de todos e Salvador do mundo. Ele não foi pregado apenas como uma fonte de paz interior... Ele foi pregado como o Criador, um Deus santo que odeia o pecado, o Governante que determina como suas criaturas devem viver, sua moralidade... o Redentor para o homem escravizado pelo pecado e suas paixões vis, o Juiz que há de julgar os vivos e os mortos...

O chamado soberano que gera o verdadeiro arrependimento, é um chamado para morrer. A clara advertência de Cristo sobre encontrar a nossa vida perdendo-a, entra no foco de nossa visão real quando fazemos a nós mesmos a pergunta: Eu defino a história de Jesus ou Jesus define a minha história? Os objetivos de Cristo dão significado universal a minha existência, ou eu defino o significado de minha vida e o significado de Cristo na minha vida? A palavra de Paulo a todos nós é: “Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” - Colossenses 3:3 – Isso é ter chegado ao evangelho.

Nada pode ser mais radical que isso. De acordo com a verdade do Evangelho, “eu” realmente está morto, não existe mais. Nossa identidade não é mais definida pela história que construímos. Nada poderia mudar minha identidade senão a radicalidade da cruz. Minha natureza “em Adão” é corrupta, escrava do pecado e da morte. Minha identidade já não tem nenhuma relação com aquilo que define a identidade de todas as pessoas não regenerados ao meu redor neste mundo. Mesmo na mais “sublime moralidade” do homem natural, sua ânsia por espiritualidade... ele não passa de um idólatra – e eu, em “Adão", estava preso a esta mesma coisa que aprisiona todos os homens. Outra e outra reforma não alteraria em nada a essência da minha existência, a formação da minha identidade. Eu devo ser crucificado e sepultado com Cristo, e com Cristo devo ressuscitar para novidade de vida.

A tentativa de manter nossa autonomia, nosso “auto-governo” simplesmente adicionando Jesus a nossa vida, aos nossos desejos, aos nossos relacionamentos... encaixando ele em nossa vida com todas as coisas em comum com o mundo que formaram nossa identidade, o transforma em mero acessório. Nos tornamos como os romanos nos dias de Cristo, sempre havia um lugar no seu panteão para mais um deus (nossa sociedade aceita alegremente um Jesus assim) ... foi a completa negação da ideia de que Cristo pode ser acrescentado assim que levou os primeiros cristãos para o Coliseu. Tornar-se cristão (quando regenerados pelo Espírito) significava ( e jamais significará outra coisa não importanto as mudanças da cultura humana que vai se metamorfosiando...) renunciar a todos os senhores que definem a vida e a identidade de todos os homens naturais, a fim de estar unidos a Cristo.

A salvação prometida por Deus em Cristo requer a morte. Não posso “alegremente” simplesmente dar um papel a Jesus na minha vida ( junto com os papéis que dei a tantas outras coisas que definem a minha identidade ) como algo útil na construção e na busca de alcançar meus objetivos para mim, os objetivos da sociedade ao redor... traçados por nós mesmos, baseados na mesma identidade, formada pelo mesmo mundo que forjou a identidade de todos os homens em “Adão” e pelo qual todos os homens estão debaixo da ira de Deus.

Pense nisso!

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