(IN)FORMAÇÃO!?

Cicero de Souza Sobrinho (Prof. Juca)

Percebe-se que cada vez mais a educação – não apenas a formal, aquela que se aprende nas academias, mas também aquela voltada aos anseios da moral e ética de ser e estar no mundo – torna-se a menina dos olhos da sociedade civil organizada, haja vista perceber-se que a mesma – a educação – é ponto preponderante à emancipação e promoção da pessoa humana. Promoção esta que viabiliza o crescimento de possibilidades e efetivações dos indivíduos à condição de pessoas que participam na e para a sociedade. Pois é a partir da educação que os indivíduos mudam suas realidades a realidade de suas comunidades.
É correto afirmar que o ato de educar é próprio do ser humano, mas que nem todo ser humano educa ou é educado... Quando se fala no ato educativo logo nos vem à mente a imagem da sala de aula e/ou do professor, pois durante muito tempo este foi o profissional responsável pela educação de crianças e jovens.
Hoje há uma discussão muito acentuada nos meios de fomento sobre o ser professor e ser educador. Mas, qual seria realmente o diferencial? Ou melhor, há um diferencial!?! Alguns estudiosos afirmam que o ponto de principal diferença entre ambos é justamente o que foi exposto acima “efetivação da pessoa humana”, pois enquanto o professor é tolhido e tolhe saberes e fazeres dos alunos, enquanto é toldado e tolda perspectivas e anseios de meninos e meninas nas carteiras escolares, o educador busca efetivá-los, sem que com isso se prostre ante os enleios da pífia arrogância consumista oriunda do fazer “peleguista” em prol do bem-estar-bem com o(a) chefe(a), pois o que lhe angustia é a impossibilidade de efetivação real dos seus APRENDENTES, e não se é visto ou não.
Vivenciamos a cultura e sociedade do conhecimento, este “movimento de promoção e educação” não era percebido como importante na retomada do processo de restauração da ética.
O processo de restauração da ética prescinde do contexto social ao qual o individuo convive e sobrevive. É o espaço onde habita e se relaciona com os outros indivíduos, e junto com estes faz o “convívio social”, este é o chamado “pano de fundo” para as manifestações culturais, estas por sua vez, são fulcrais à formação dos sujeitos e da própria sociedade.
Desta forma, é a partir desse processo – que a priori propicia ao homem a percepção da realidade, do mundo e do próprio homem – que o homem interpreta o mundo, os meios de produção e as outras pessoas, tornando-se extremamente importante que o homem moderno se perceba partícipe de tal construção, e, por conseguinte da sociedade.
Isso torna-se quase impossível, pois romper com o paradigma vigente da intolerância e ignorância é muito complicado. Haja vista entender-se que dentre as futilidades que consomem o homem moderno a que mais causa danos é a ignorância.
De acordo com o Dicionário Básico de Filosofia 1,
[...] Em um sentido genérico, a ignorância é a atitude daquele que, não sabendo utilizar as suas capacidades racionais, engana-se quanto à qualidade de seus conhecimentos, tomando por verdade o que não passa de uma opinião falsa ou incerta e expondo-se à *ilusão e ao erro.[...]
Notadamente, a ignorância tem na falta de informação sua maior expoente, pois principia-se justamente do desinteresse em se informar e formar. A ignorância permeia e fecunda as mentes pueris dos decrépitos e insalubres. São indivíduos desprovidos da capacidade de articular o pensar. São feridas falantes que ferem e impossibilitam falas.
Sem a informação nós estaríamos vivendo na idade média. Sem a possibilidade de externarmos uma ideia. Sem a oportunidade de sermos cidadãos. Sem o direito de ter direitos. Entenda-se informação como o meio plausível de inter-relação mediante a consecução de um direito adquirido ante a luta ancestral. Desta forma este direito não poderia ser cerceado.
A ignorância também pode ser caracterizada como a impossibilidade de se ter uma visão periférica do mundo, das pessoas, dos problemas e até das soluções. E esta impossibilidade só ocorre porque os muitos indivíduos ainda usam seus antolhos.

...........................

1 – MARCONDES, Danilo; JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário Básico de Filosofia. Jorge Zahar Editora. Rio de Janeiro. 2006. (p. 142)

Comentários