PE CÍCERO ROMÃO BATISTA E EU

Pe. José Neto de França

Dia desses, recebi pelo Whatzapp uma foto real de Padre Cícero do Juazeiro, animada por aplicativos de computador. Achei muito interessante.

Imediatamente veio a minha memória duas coisas:

Primeiro: uma carta escrita à mão pelo próprio Padre Cícero data datada de 20 de novembro de 1921, que me foi doada por uma pessoa amiga no início da década de 90, quando eu ainda era seminarista, por ocasião de umas visitas que estava fazendo às famílias de uma comunidade. Segundo a pessoa que me presenteou, ela foi endereçada a uma parente sua, de nome Maria José (in memoriam). Junto a essa carta veio um fragmento de papel com a estampa de Padre Cícero e uma oração bem simples. Eu sabia que tinha colocado essa missiva e seu anexo dentro de um livro de oração. Revirei tudo até encontrá-los. Achando-os, os guardei em um lugar mais acessível.
Segundo: um relato de uma das minhas experiências paranormais na qual esse personagem histórico esteve “presente”, descrito na minha 8ª obra, EGO, ME IPSO – Esboço autobiográfico, pp 814-816. Foi assim:
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São Paulo. Não lembro o ano, mas provavelmente em 1986. Dormia profundamente. Sonhava, mas tinha consciência que de estava dormindo e “sonhando”.

Vi-me caminhando por uma estrada vicinal. Em volta havia muitos arbustos, árvores... Avistei uma casa bem humilde, feita de tapume. A porta estava aberta e eu entrei. Num dos cantos da sala, havia uma cama no estilo “maca” de hospital. O suporte da cama era de madeira e o pano sobre o suporte era transparente, fino, parecendo uma teia de aranha. Próximo à porta de entrada, havia uma pequena mesa e sobre ela um grande livro. Sentada numa cadeira ao lado da mesa estava uma jovem – que no momento eu identifiquei com uma de minhas irmãs, Ana, embora soubesse que não era ela. Atrás da mesa e dela, havia uma porta aberta. Na parede oposta à porta da frente, havia outra porta que estava fechada.

A jovem olhou para mim, apontou o dedo indicador direito para a cama e disse-me:

- Deite-se ali!

Eu fiquei apavorado, pois sabia que aquele pano, frágil como era, não suportaria o meu peso. Ela me olhou, riu e, como se estivesse adivinhando o meu pensamento, falou novamente:

- Não tenha medo! Deite-se!

Com muito cuidado, deitei-me.

A jovem, então, pegou o livro, abriu numa determinada página e começou a falar coisas que eu teria feito ou deixado de fazer na vida. Ao ouvir cada coisa negativa que estava escrita no livro, que eu fizera ou não, eu sentia uma angústia indescritível.

Passado um tempo, comecei a perceber que à medida que ouvia, angustiava-me e tomava conhecimento dos fatos de minha vida passada. O pano sobre o qual estava deitado estava se regenerando, tornando-se mais compacto.

Nisso, a jovem fez uma pausa, fechou o livro, levantou-se dizendo:

- Siga-me!

Levantei-me e entrei com ela pela porta aberta que ficava por trás da mesa. Entramos numa espécie de caverna. De um lado, havia um paredão rústico com inúmeras tochas acesas, iluminando o ambiente. Do lado oposto, havia várias “celas” – pequenas cavernas. Fomos andando e ela me mostrando o que havia em cada uma delas. Não me recordo o que existia, a não ser que era algo que provocava muito sofrimento a quem estava nelas... E em mim também.

Percebendo que eu estava cada vez mais angustiado com o que via, ela parou, olhou-me nos olhos e disse:

- Vamos retornar!

Obedeci!

Chegamos novamente à sala, voltei a deitar na cama; ela sentou-se em sua cadeira, abriu o livro e reiniciou a leitura... O tempo foi passando até que o pano da maca estava totalmente restaurado.
Nisso, a porta que estava sempre fechada abriu-se de repente. A jovem, a mesa e o livro desapareceram.

Surgiu, pela porta aberta, “Padre Cícero”. Tive uma grande surpresa. Levantei-me rapidamente, fui em direção a ele “dizendo” (usando apenas o pensamento para me comunicar):

- Meu pai é muito devoto do senhor!

Ele sorriu para mim. Eu continuei “falando”:

- Preciso voltar para minha casa. Tenho muita coisa que ainda não fiz e precisa ser feito!

Estava plenamente consciente de que estava em minha cama deitado, dormindo e sonhando.

Disse-me “Padre Cícero”:

- O verdadeiro motivo pelo qual você está querendo voltar não é este. Você está com medo de ter morrido. Mas volte! Ainda não chegou o seu tempo.

Simplesmente abri os olhos, como se não estivesse dormindo. Já era de manhã. Estava tenso, com o coração acelerado...
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De fato, meu pai tinhas suas devoções particulares e as levava muito a sério. Entre todas elas, as principais eram Jesus Cristo, Nossa Senhora (ele rezava o terço diariamente), Pe. Cícero e as Almas.

Pois é! A vida tem seus mistérios, e que mistérios!

Enigmas da vida!!!

[Pe. José Neto de França]

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