JUSTIÇA INJUSTA

Pe. José Neto de França

Na manhã de segunda-feira do dia 02 de fevereiro, saindo de Major Izidoro em direção à Santana do Ipanema onde tinha uma sessão de fisioterapia, liguei o rádio na Milênio FM, como costumeiramente faço nesse horário para ouvir o programa Liberdade de Expressão, e ouvi o pároco da paróquia de Senhora Santana de Santana do Ipanema, Pe. Adalto Alves Vieira, que estava sendo entrevistado pelo repórter Emílio sobre o Festival de Prêmios que deveria ter sido realizado no dia anterior. Até então, pensava eu, que tudo tinha ocorrido normalmente como sempre ocorreu nesse tipo de evento promovido pelas paróquias da região. Tal foi a surpresa ao saber que o Festival de Prêmios havia sido cancelado por decisão judicial.

De imediato, senti um “cheiro” de injustiça no ar! Aumentei o volume do rádio e concentrei minha atenção no que o pároco falava e também nas intervenções de alguns ouvintes, também indignados pelo ocorrido.

A questão não foi diretamente comigo, mas, solidário ao Pe. Adalto e ao povo que compareceu ao evento, senti um misto de indignação, frustração, impotência diante de uma justiça injusta.

Chegando a Santana do Ipanema, resolvi sacrificar meu horário na fisioterapia e fui direto aos estúdios da Rádio Milênio FM. Estava com “sede” de justiça, sentia a necessidade de externar minha indignação com o ocorrido e ao mesmo tempo minha solidariedade aos que foram execrados publicamente pela decisão judicial.

Já nos estúdios, fui muito bem recebido pelos funcionários da referida emissora e pelo Deputado Estadual Givaldo Carimbão Jr que abriram espaço para que eu pudesse falar, desabafar o que estava sentindo.

Iniciei falando sobre a importância do programa Liberdade de Expressão que, com sua grande audiência, é um grande “informe” que abrange todo sertão e alto sertão alagoanos, inclusive, eu tive conhecimento do fato somente na manhã desse dia ao sintonizar tal emissora.

Coloquei também a importância dos trabalhos promovidos pelas paróquias e o esforço feito pelos párocos para mantê-las, já que as fontes de rendas disponíveis são, muitas vezes, insuficientes para isso. Daí recorrermos, em alguns momentos, a esse tipo de evento.

Citei o Pe. Adalto como sendo um pároco que age de forma transparente em relação à sua pessoa e aos seus trabalhos na condução de sua paróquia, assim como aos outros padres da diocese e que não tinha dúvidas de que a população santanense o tem como uma pessoa de grande responsabilidade.

Não questionei diretamente a lei, mas a forma como se aplica a lei. Sabe-se que “Festival de Prêmios”, legalmente, é ilícito. Ora, as paróquias da diocese já fizeram vários sem ser incomodadas pelo poder judiciário, tanto porque ele, o judiciário, é sabedor de que, após cada festival, é feita uma prestação de contas e que o que é arrecadado é aplicado com seriedade. Até hoje nunca tivemos problemas.

Questionei o fato do poder judiciário ter deixado ser realizada toda propaganda (nos carros de som, exposição de prêmios, nas missas, venda de cartelas pelos grupos, movimentos e pastorais da paróquia...) para, somente na hora, depois de ter iniciado, exigir a suspensão.

Por que não chamou o sacerdote antes? Por que não comunicou a não realização antes de tudo isso? Infelizmente, tudo indica que fiquemos sem resposta!

Citei o risco a que foi exposto o Pároco e o próprio povo. Isso porque dominar o consciente coletivo é bem mais complexo que dominar o consciente individual. Ali, na praça, estava uma multidão. Se ela se revoltasse e provocasse uma quebradeira e atentasse contra a vida de alguém, de quem seria a culpa? Seguramente, não seria do pároco nem da comissão organizadora, composta por pessoas idôneas do ECC paroquial, mas da “Justiça injusta”!

Agradeci ao Espírito Santo de Deus que iluminou o Pe. Adalto e ao ECC que foram fortes suficientes para enfrentar a turba humana naquele momento crítico.

Enfim, afirmei que o resultado disso tudo atingiu não somente o Pe. Adalto, mas todos nós padres, a Igreja; também o povo presente, particularmente, o de Santana do Ipanema.

Concluí pedindo aos ouvintes que orassem pelos poderes executivo, legislativo e judiciário para que Deus os iluminasse a fim de que fossem mais sensatos no que diz respeito à aplicação das leis.

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