A VIDA TEMPORAL É UM PROCESSO QUE SÓ TEM SENTIDO QUANDO VIVIDA NO AMOR

Pe. José Neto de França

A VIDA TEMPORAL É UM PROCESSO QUE SÓ TEM SENTIDO QUANDO VIVIDA NO AMOR

Uma manhã, enquanto olhava as mensagens que havia recebido no meu Whatzap, estava, entre tantos outros, o vídeo de um fragmento de uma entrevista que o repórter Geraldo Luiz, da Rede Record, fez com o, também repórter, Marcelo Rezende (in memoriam), tendo como cenário a casa antiga onde ele, o entrevistado, viveu.

De imediato, pensei ignorar, pelo fato dos dois serem funcionários da Record, e esta rede de comunicação expressar ideologia anticatólica. Mas meu lado cristão e humano me levou a ver pelo lado da caridade, além do fato dos dois serem excelentes repórteres.

Diante do conteúdo do que os dois falaram em tal entrevista, chamou-me a atenção as respostas dadas por Marcelo Rezende quando Geraldo Luiz fez uma comparação sobre a casa que o entrevistado viveu no passado, de valor insignificante em relação a atual fruto de quarenta anos de trabalho e que vale milhões, e que, hoje, só o quarto de Marcelo Rezende na nova casa, é maior do que a casa antiga inteira.

Referindo-se a casa nova, disse Marcelo Rezende...

“... Aqui eu tinha meus pais, eu tinha meu irmão... Aqui eu tinha a origem da minha família... Lá (se referindo a casa nova) é bom... Lá é grande no sentido de metro... Aqui (se referindo a cada velha) é grande no sentido do amor. É completamente diferente. O que tem de tamanho lá, aqui tinha de amor. É outra coisa... Não dá pra comparar amor com tijolos... ao contrário, o amor são os tijolinhos do coração. Aqui (casa velha) eu tinha minha mãe, tinha meu pai... Aqui o meu sonho era de poder chegar de tarde e brincar... Sair igual um bichinho selvagem pelo meio do mato... Aqui era tudo mato... Então, meu amigo, vou te dizer: a riqueza é uma coisa que só te dá o que você compra... Aqui a riqueza era o amor... É a conquista que fica no teu coração como uma folha de livro... e outra folha de livro... e outra folha de um livro... Se você imaginar as coisas materiais você esquece... Você uma hora tem um carro outra hora tem outro... Uma hora você mora numa casa, outra hora Deus permite você morar em outra... O amor não! O amor, quando ele é verdadeiro, é uma conquista pra sempre... É como você, aqui onde a gente está (casa velha), numa fração de segundos, eu retornei a minha infância... Você pode imaginar? Parece que todo mundo olha assim e diz: Nossa! Ele ganha bem... Quisera eu poder voltar no tempo e ter meus pais e minha tia... ter todas as coisas que são insubstituíveis... O material a gente substitui, o amor, não...”

Essa fala de Geraldo Luiz, fez-me ter vontade de sentir aquela saudade que tempera a alma.

Voltei em meu passado longínquo...

“Vi-me” na casa de alpendre, a primeira, cronológica, na minha linha do tempo, em Carneiros, quando esta localidade ainda era povoado, pertencente a Santana do Ipanema... No quintal, no início da tarde, colhendo e comendo tomates e, depois, sendo repreendido pela minha mãe com o argumento de que eles, quentes, (por causa do sol), me faria adoecer... Ao entardecer, no alpendre, no colo de meu pai, numa cadeira de balanço, enquanto ele, abraçado comigo, me afagando os cabelos, cantava: “Olê pai! Olê baiê. Menininho do papai, deu um pulo foi ao chão, acolheu, três cavaleiros, todos três chapéu na mão...”. Não entendia nada, mas ficava encantado com a sua voz rouca (parecida com a a minha, hoje...)

“Vi-me”, ainda em Carneiros, indo, segurado nas mãos de meus pais, à Capela da Imaculada Conceição e assistindo às Missas celebradas pelo Pe. Cirilo, prestando atenção em seus sermões e ouvindo os cânticos em latim... Simplesmente “viajava” no empo ao ouvi-los, apesar de, ainda, ter ainda pouco tempo de vida...

“Vi-me”, também em Carneiros, brincando com minhas irmãs, ainda não tinha nascido meus irmãos...

“Vi-me”, já em Santana do Ipanema, no Bairro da Floresta, na primeira casa que morei quando saí de Carneiros, nas minhas explorações da região só, ou acompanhado de minha irmã Auta ou de algum amigo seleto (meus pais não me deixava brincar com qualquer tipo de companhia) caçando passarinhos, brincando de se esconder, de dominó, ximbra...

“Vi-me”, ainda nessa casa, em minha primeira e uma das mais marcantes experiências paranormais, que marcou toda minha vida a ponto de me fazer lembrar, detalhadamente, como se ela tivesse acabado de acontecer, dando início a tantas outras que aconteceram e ainda acontecem nos dias atuais...

“Vi-me” em companhia de um casal que não tinham filhos, Audálio e Maria Luisa, que me amava como se fosse de seu sangue. Eles me buscavam com frequência e fazia tudo que eu gostava, até vestiam roupas cujas cores chamassem a minha atenção... Quando Maria Luisa adoeceu, precisou ser internada em Maceió, onde faleceu... “Me vi”, no Sítio de meu pai, no Serrote dos Bois, município de Santana do Ipanema, tendo uma visão paranormal com ela no dia e hora de sua morte...

“Vi-me”, na Serra do Cruzeiro, nesse mesmo Bairro, reunido com toda família, em oração, pagando uma promessa que meu pai fez pela saúde de minha irmã Terezinha e, depois outra, pela minha irmã Geruza...

“Vi-me”, em vários momentos de lazer, em família, promovidos pelos meus pais em casa e na pequena propriedade que lhes pertencia, no Sítio Serrote dos Bois, onde residia meu avô paterno e alguns tios, tias, primos, primas...

“Vi-me” chegando à casa de meu avô paterno, em Serrote dos Franças, me aproximar dele que, imponente, de pé, me esperava no alpendre para me abençoar...

“Vi-me” nos momentos das principais refeições, café da manhã, almoço e janta em família, sempre precedidos pela oração, particularmente a reza do Terço antes do jantar... Não se fazia refeições individualmente em horários distintos, mas em comum.

“Vi-me”, vivendo integralmente a fé cristã aprendendo as orações básicas, ensinadas por meus pais, principalmente minha mãe, com o amor e o cuidado que eles tiveram em encaminhar cada filho/a na fé cristã, sendo os primeiros catequistas...

“Vi-me” em outra casa, construída por meu pai, no mesmo Bairro, conquistando meu primeiro grande amigo, que residia quase à frente da minha... Rinaldo Araújo...

“Vi-me” nessa casa sendo iniciado nas primeiras letras e na matemática, pela minha irmã Salomé.

“Vi-me” nas salas de aulas, no recreio com os colegas ou nos desfiles de 7 de setembro, promovidos pelo Grupo Escolar Padre Francisco Correia, minha primeira escola oficial, onde estudei do 1º ao 4º ano primário.

“Vi-me” frente a frente com meu maior vilão, mais tarde transformado no meu maior “objeto de lazer”, o Rio Ipanema, onde na infância e na adolescência, quase me afoguei. Na infância, ao retornar do Grupo Escolar Pe. Francisco Correia, apavorado, pelo fato do Rio está aumentando o nível das águas, e eu, na minha inocência, com medo de atravessá-lo de canoa, soltar o braço de minha irmã, Auta e tentar atravessá-lo pela parte sua parte estreita, achando ser raso, sendo salvo no último instante, segundo minha irmã Auta, por um senhor de nome Djalma. Eu não o vi, pois estava em estado de choque, voltando ao mundo real já nos braços de meu pai, do outro lado do Rio. E na fase da adolescência quando eu tentei jogar uma rede de pesca e acabei indo junto. A profundidade era grande no local que estava. Caí, fui até o fundo do leito do rio, peguei impulso “saltei” retornando a superfície. O susto somado ao medo de morrer afogado fez com que eu conseguisse nadar até a margem. Aprendi a nadar nesse dia.

“Vi-me”, já morando na Rua Delmiro Gouveia, no Bairro da Camoxinga, do lado principal da cidade (o Rio Ipanema, separava o Bairro da Floresta da parti principal) envolvido em meus primeiros meios de ganhar dinheiro honestamente, não por imposição dos meus pais, mas por querer ser independente, desde cedo, trabalhando de engraxate, carroçando na feira, vendendo picolé “da Maringá” (os santanenses mais “vividos” sabem), cocadas ou frutas, de porta em porta; de serviços gerais no “Bar Santo Antônio”, de balconista na “Casas o Ferrageiro”...

“Vi-me” participando de reuniões bíblicas com a reza do Terço acompanhando o Sr. Antônio Pacífico (dono do Bar Santo Antônio), em algumas noites, nas periferias da cidade...

“Vi-me” observando meu pai sendo injustiçado por causa de política, perdendo seu principal emprego, mas não perdendo a dignidade, se sacrificando, juntamente com minha mãe, pelos filhos...

“Vi-me”, ainda nessa casa, sendo vítima de sequestro relâmpago (sim, isso já existia naquela época, final da década de sessenta), ao retornar do comercio local, onde fui fazer umas compras para minha irmã Darcy, escapando pela ação divina, sendo amparado por me pai que, angustiado, na mesma manhã fez a denúncia e o sequestrador foi preso.

“Vi-me” fazendo novas amizades... Bartolomeu Nogueira, Givaldo, José Heli, Narcélio Melo (in memoriam), José Hélio (in memoriam)... esses dois últimos, amigos mais próximos...

“Vi-me” sendo Croinha nas Missas e outras atividades na Paróquia de São Cristóvão...

“Vi-me” nas diversas viagens que fiz aos Sítios Serrote dos Bois e Serrote dos Franças onde ficavam as propriedades de meus avós e tios, para brincar, resenhar com meus primos e primas...

“Vi-me” mudando de casa, para outra, na mesma rua, depois que meu pai vendeu a casa que estávamos para podermos sobreviver, depois que ele perdeu um dos empregos e a região tinha passado por uma grande seca (1970)...

“Vi-me” assistindo muitos Shows, filmes a noite ou a tarde (matinês aos domingos) no Cine Alvorada...

“Vi-me” participando das aulas de “Admissão ao Ginásio” com o Pastor Bonfim, no Instituto Batista de Santana do Ipanema.

“Vi-me” sendo presenteado por Deus, ao intuir um amigo de meu pai, o Sr. José Pinto, a pagar meu Curso Ginasial, no Ginásio Santana, um dos melhores da cidade, após ter uma vaga negada no Colégio Estadual, por questões políticas.

“Vi-me”, feliz da vida, mesmo nos momentos difíceis, participando das aulas do Ginásio (hoje do 6º ao 9º Ano do Ensino Fundamental... “Vi-me” resenhando muito com meus amigos e amigas de Ginásio...

“Vi-me” percebendo, pelas mudanças no meu corpo e no meu psicológico, que já não era mais criança, mas adolescente...

“Vi-me” triste, solidário a meu pai sofrendo com a morte de seu pai, meu avô José de França Belém...

“Vi-me” na sala de aulas de datilografia (na residência da própria) de dona Flora, onde funcionava a Escola de Datilografia Senhora Santana... Naquele tempo era top aprender datilografar.

“Vi-me” tendo umas das primeiras grandes decepções de minha vida, ao perder um de meus melhores amigos por causa do casamento de uma de minhas irmãs com um dos irmãos dele. A mãe dele proibiu toda família de ter contato com a minha, alegando que minha família era pobre. Não o culpei. Entendi... Somente seu pai foi quem permaneceu amigo de minha família. Vários anos depois, a amizade foi restabelecida...

“Vi-me”, no segundo semestre de 1974, ano que conclui o Ginásio. me preparando para cortar o meu “cordão umbilical existencial” com meus familiares, já que no final do ano iria residir na capital Paulista...

“Vi-me” no amanhecer de meados de dezembro de 1974, com apenas 16 anos, dia da viagem, numa tensão sem limites; minha mãe quase sem olhar para mim, talvez para eu não ver seus olhos lacrimejarem pela minha partida... Meu pai me levando até o ponto de ônibus (Empresa Nacional que, anos depois foi comprada pela “Viação Sâo Geraldo”)... “Vi-me” observando, de dentro do ônibus, ele, à distância, derramando lágrimas ao me ver partir...

“Vi-me” livre, leve e solto no mundo, tendo como referência humana somente a mim mesmo, para sobreviver na cidade grande, mas sem perder o contato com minha família...

“Vi-me” cometendo muitas gafes, algumas até hilárias, na cidade grande, até me adaptar à região sul...

“Vi-me”, nos doze anos que passei em São Paulo/Capital, fazendo novos amigos e amigas (alguns permanecem até hoje (José Luiz Trigo, Antônio Trigo, Maria Trigo, Luiz Tomita, José Roberto Ribeiro, Yolanda, Catarina, Carlos, Iracy, Wilma, Cida, Anselmo, Oswaldinho...) sendo “dono” de minha própria vida, tecendo meu futuro, realizado sonhos... viajando, de ônibus, quase todos os anos à minha terra natal, Santana do Ipanema para matar a saudade da família e amigos...

“Vi-me” diante da segunda grande decisão que teria que tomar em minha vida (a primeira foi ir para São Paulo): por causa da idade, tive que adiar meus projetos (trabalhar em um Banco e cursar o Científico e, após, uma faculdade) até completar 18 anos e ser dispensado, ao me alistar nas forças armadas. Tinha que trabalhar para sobreviver ou retornava. Via o retorno como uma derrota para mim. O único emprego que consegui foi o de balconista em uma padaria (Padaria Buturussú) que, por causa do horário, estudar regularmente seria inviável. Foi meu primeiro emprego com carteira assinada. Para não perder tempo, fiz um horário particular, pessoal e obedeci a esse horário fielmente, como autodidata, para não perder o estímulo pelo estudo.

“Vi-me”, em terras paulistas, aproximadamente, um ano e oito meses, numa manhã de quinta-feira, no Estádio Municipal Pacaembú, com milhares de jovens, “jurando a Bandeira” e sendo dispensado do Serviço Militar, por excesso de contingente; na segunda seguinte procurando emprego em um Banco, na quinta-feira dessa mesma semana concorrendo, através de vários testes, a duas vagas com outros 39 jovens para o cargo de Auxiliar de Escritório no Banco Econômico, sendo aprovado em primeiro lugar e na outra Segunda-feira já assumindo o trabalho no Setor Secretaria Executiva do Comitê de Crédito/Cadastro, onde permaneci nove anos e quatro meses e onde recebi várias promoções...

“Vi-me” retornando ao estudo regular fazendo meu curso Científico (hoje ensino médio) no Colégio Comercial Santinelli e depois meu Curso Superior na Faculdade de Tecnologia de São Paulo...

“Vi-me”, pensativo, quando soube da morte de minha irmã Terezinha...

“Vi-me” viajando inúmeras vezes à casa de minha irmã Auta e meu cunhado Benedito nas cidades de Araucária e Curitiba (ambas no Paraná) e em Americana (São Paulo)...

“Vi-me” viajando algumas vezes, de caminhão, com meu cunhado Benedito, particularmente em uma viagem em especial que foi à Assunção no Paraguai... Pense na aventura!

“Vi-me” adquirindo e guiando meu primeiro e único automóvel que tive que foi um Chevette Hatch dourado...

“Vi-me” sendo escolhido, formado na área de computação pelo próprio Banco e, depois, automatizando o setor que trabalhei...

“Vi-me” em meio a grande família que eram os funcionários do Banco Econômico...

“Vi-me” em meio aos meus amores de juventude. Foram três: o primeiro uma garota de São Paulo que se limitou a uma ida ao cinema, mas logo vi que não ia dar certo e, descartei. O segundo e o terceiro, duas garotas de Santana do Ipanema, uma foi somente por correspondência e outra que iniciou por correspondência, depois foi oficializado com o noivado quando já tinha retornado à minha terra natal, acabando quando tomei a decisão pelo Sacerdócio...Todos foram namoros cristão...

“Vi-me”, no início de 1986, em crise existencial, levando-me a desistir do me emprego no Banco Econômico e da Faculdade...

“Vi-me”, me arrependendo várias vezes de ter largado tudo e fazendo entrevista e entregando meu currículo em algumas empresas na capital paulista... Quando era chamado, o arrependimento já tinha passado e, simplesmente, desistia...

“Vi-me” voltando definitivamente à Santana do Ipanema no final de 1986, acabando meu noivado e iniciando a preparação para Ingressar no Seminário Arquidiocesano de Maceió...

“Vi-me”, no mês de fevereiro de 1988, iniciando meus estudos filosóficos, em Maceió, e dois meses depois correndo risco de morte diante de um edema pulmonar, tendo que retornar à casa de meus pais para me tratar, voltando ao curso somente no segundo semestre desse esmo ano...

“Vi-me” enfrentando os novos desafios do curso universitário...

“Vi-me” envolto em tristeza pela perda de dois sobrinhos queridos, Janinho, filho de minha irmã Geruza e Robinho, filho de minha irmã Darcy...

“Vi-me” concluindo o Curso de Filosofia e iniciando o de Teologia...

“Vi-me” recebendo os Primeiros Ministérios na Igreja Matriz de São Cristóvão, entrando na vida clerical com o Diaconato, conferido por Dom Fernando (in memoriam) na Igreja da Imaculada Conceição na cidade de Carneiros e o Sacerdócio no Ginásio de Esportes de Santana do Ipanema...

“Vi-me” assumindo a minha primeira paróquia, Nossa Senhora da Penha de Cacimbinhas e Minador do Negrão... enfrentando novos desafios pastorais, existenciais...

“Vi-me” promovendo a penúltima Missão com os Missionários Frei Damião e Frei Fernando, no segundo semestre de 1996...

“Vi-me” assumindo no início de 1997 a Vice-Reitoria do Seminário São Cura d’Ars da Diocese de Palmeira dos Índios...

“Vi-me” aos 15 de abril de 1999, diante da maior perda de minha vida, a morte de meu pai...

“Vi-me” em junho desse mesmo ano na minha primeira viagem à Itália, onde participei de um Curso Internacional para Formadores de Seminários Diocesanos...

“Vi-me” sando de Cacimbinhas/Minador do Negrão, em fevereiro de 2004, e retornando a minha paróquia de origem, São Cristóvão, onde permaneci, primeiro como Vigário Paroquial, depois, pároco, até fevereiro de 2011.

“Vi-me” assumindo o periódico, “Igreja em Ação” da Diocese de Palmeira dos Índios, permanecendo responsável por mais ou menos 10 anos...

“Vi-me” evidenciando meu lado escritor, lançando, aos 21/06/2008, meu primeiro livro (prosa e poesia): Não Ser... SER! Viver: um grande desafio; prefaciado por Dom Iório (in memoriam) e apresentado por Dom Dulcênio; e aos 30/01/2011, o meu 2º livro (história) Paróquia de São Cristóvão: Panorama histórico/pastoral;

“Vi-me” fazendo minha segunda viagem à Itália, onde permaneci por 15 dias, dessa vez, de férias...

“Vi-me” iniciando meu pastoreio na Paróquia de Santo Antônio de Pádua de Major Izidoro e Jaramataia aos 28 de fevereiro de 2011...

“Vi-me”, mais uma vez enfrentando desafios novos...

“Vi-me” ingressando, como Sócio Honorário, na Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes – ASLCA, assumindo a cadeira que tem como patrono o Pe. Francisco José Correia de Albuquerque; e como Sócio Correspondente da APALCA - Academia Palmeirense de Letras Ciências e Artes.

“Vi-me”, aos 23/08/2013, no lançamento de minha 3º obra, Fragmentos de mim (poesias); prefaciado por Pe. Leandro; aos 14/08/2017, lançando duas obras: Os desafios da fé (textos), prefaciado pelo Prof. Alberto, e Retalhos da vida (poesias) prefaciado pela acadêmica Lucia Nobre; e um CD (poesias musicadas) interpretadas por mim mesmo; e aos 26/01/2019 em Major Izidoro e aos 08 de fevereiro desse mesmo ano a obra “Des-Entraves”, minha 6ª obra (ficção brasileira), prefaciada pelo meu amigo Malta, Presidente da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes – ASLCA.

“Vi-me” participando de três das várias Bienais Internacional que aconteceram na cidade de Maceió, onde aproveitei para lançar algumas das minhas obras literárias.

“Vi-me”, aos segundo semestre de 2019, iniciando mais um Curso superior, agora Nutrição, EAD-Semipresencial, na UNINASSAU, em Maceió...

“Vi-me” [...] Enigmas da vida...

Minha superação diante dos desafios só foi possível por causa do amor: O amor que recebi de meus familiares, particularmente me pai (in memoriam) e minha mãe com seus mais de 94 anos.

Foi o amor, dedicado a mim pelos meus pais, que me fez aprender ser cristão, a respeitar, a obedecer, “correr atrás” do que acredito...

O amor me faz ver a família como uma das prioridades da vida temporal. Aliás, aprendi que os principais focos da vida humana estão em Deus, a família e a Igreja.

Esse amor, como disse Marcelo Rezende por ocasião da entrevista concedida a Geraldo Luiz, “... são os tijolinhos do coração... O amor, quando ele é verdadeiro, é uma conquista pra sempre... O material a gente substitui, o amor, não...”

Mesmo quando a dor dilacerante na partida de quem amamos “rasga”, faz “sangrar” o nosso existencial, como por exemplo um pai ou uma mãe, o amor será o “liame” que nos manterá conectados pelas lembranças, boas, fazendo-nos ter aquela saudade, não doentia, mas a que tempera a alma... “Vi-me” assim quando meu pai foi chamado ao coração de Deus no dia 15 de abril de 1999.

A última lembrança que tenho dele vivo foi de quando o visitei no início da semana de seu óbito.

De seu corpo, a última lembrança que fiquei foi dele na urna mortuária, na sala de visita da residência da minha família, onde estava sendo velado. Olhei fixamente o seu semblante, toquei minha mão em seu rosto pálido e frio, meus olhos lacrimejaram... Sabia que, na minha vida temporal, nunca mais o veria fisicamente. Durante o enterro e a Missa de Corpo presente, celebrada na capela do cemitério de Santa Sofia, meu foco estava mais no sofrimento pelo qual minha mãe, meus irmãos e irmãs e eu passávamos.

Foi uma dor jamais sentida! Descobri aí que nunca estamos preparados totalmente para tal separação físico-existencial. Senti na “pele, na carne, nos ossos” o que muitos de meus amigos e amigas já tinham passado...

Logicamente que essa lancinante dor, só passa quem ama de verdade.

Outros familiares que foram próximos a mim também já se foram, como Meus avós maternos, irmãos e irmãs de meu pai e minha mãe, primos e primas, amigos e amigas... Mas como os amei de fato, todos permanecem em minhas lembranças...

Na certeza de que eles, familiares e amigos, foram para o coração de Deus, com o tempo a dor passou e eu retomei meu rumo...

De vez em quando recordo... Queria muito ter, físico-temporalmente, comigo aqueles que partiram... mas reconheço que eles nunca me pertenceram, como se fossem objetos de posse. Eram familiares, parentes, amigos, amores de minha vida... E o amor nos faz deter, ao contrário, liberta... Quem ama não “morre” jamais...

E a vida continua...

Enigmas da vida...
EGO, ME IPSO!!!
[Pe. José Neto de França]

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