Em Crônicas & Entrevistas (2000), argumento que determinados pensadores, quando ingressam na área da intuição, da existência eterna, vez por outra se assemelham a crianças pequenas e inexperientes, como que engatinhando nesse campo, a ponderar que o Espírito tenha a ver unicamente com terrores sobrenaturais, como nos filmes de Hollywood (...). Será que tudo o que há no Universo já foi alcançado pela noção intelectual contemporânea? O nosso presente desenvolvimento mental é o limite da sabedoria? Ora, o ser humano nem atingiu o nível de conhecimento pleno, mas apenas alguma perspectiva dele, do contrário não se destruiria, a todo instante, em guerras e mais guerras de todos os matizes e no extermínio do planeta onde vive, reconhecidamente a sua única morada. Pode haver maior loucura que essa?
Candide e o massacre do mundo
Até há pouco tempo, inteligências consideradas entre as maiores, não sabemos por quais interesses movidas, “inteligentemente” negavam tamanha realidade que hoje, para dizer o mínimo, já nos oprime: estamos a arrasar a Terra. Mas, apesar de tudo isso, ainda há quem acredite viver no melhor e mais seguro dos mundos, como o pasmante Candide, de Voltaire (1694-1778). Razão plena goza o velho Eça de Queiroz (1845-1900), autor da magnífica página “O Suave Milagre”, ao afirmar que “a Ciência realmente só tem alcançado tornar mais intensa e forte uma certeza: a velha certeza socrática da nossa irreparável ignorância. De cada vez, sabemos mais... que não sabemos nada”.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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