Estava eu em um evento que envolvia crianças e de repente tinha um elemento na cena que levou-me a refeltir sobre os motivos que o fizeram voltar: era o fotógrafo.
Isso mesmo, em uma era em que a sociedade está extremamente digital, em que os aparelhos mais evoluídos da atualidade conseguem registrar os momentos em tempo real e divulgar para todo o mundo através das redes sociais, o fotógrafo de máquina convencional (mesmo sendo ultra moderna) roubava a cena.
E alguém ainda usa foto impressa? Parece que as memórias dos cinco mil gigas dos celulares não está sendo suficiente para armazenar? Mas fazer o que com as fotos impressas? Porta retrato? quadros? Presentear a vó? Enviar digitalmente?
Na verdade parece que a sociedade está começando a nos dar pistas de que ela acerelerou em sua evolução de forma que o próprio cérebro não conseguiu acompanhar. A humanidade levou muito tempo para evoluir e evoluiu de forma a conseguir acompanhar essa evolução, mas nunca da forma que estamos vendo acontecer hoje.
Tudo está rápido demais. E não temos mais tempo para nada. O dia precisaria ter 48h (que seria pouco também) para a gente poder tentar dar conta do tanto de coisas que temos que fazer. Só que foi explicado pela astrofísica que o mundo continua na mesma rotação. O que aumentou foi a quantidade de coisas que temos que fazer e isso nos dá a impressão que não temos tempo, por isso ouvimos:"já são 17h e não fiz nada e o dia acabou".
Além de termos que fazer tantas coisas, não podemos errar, temos que acertar em tudo, fazer bem feito e isso acaba adoecendo em massa a sociedade que é o que está sendo presenciado pela humanidade. Parece que todo mundo está doente, anunciam os jornais.
Por isso, talvez, a sociedade pode estar perdendo referências e começa a provar o tal do "vazio existencial" (criado pelo psiquiatra Viktor Frankl) em que nada faz sentindo. Será por essa razão que teremos que dar um passo para trás?
Tem um meme parodiado hoje nas redes sociais ( e tente logo assitir porque meme sai rápido) que diz o seguinte: "Sonhei que tinha viajado nos anos 90 e foi incrível demais. Tudo era diferente, cheio de cores. Igualzinho as fotos dos meus pais". E as crianças estão achando incrível aquela música falando de um tempo e lugar que soa inovador para elas, um mundo com cores e não apenas cinza.
Então, parece que vamos ter que recuar para poder ver esse mundo de cores, em que o dia de 24h era suficiente, em que as coisas tinham mais sentido e as pessoas de fato importavam, em que podiamos desfrutar de mais saúde em todos os aspectos que os dias de hoje? Tempo em que nos bastavamos a nós mesmos sem viver em uma busca desenfreada de não sabemos o quê?
Será que criamos mais problemas que soluções? Talvez seja necessário parar, desacelerar (se é que seja possível nessa sociedade acelerada) para podermos observar como "desevoluir" para continuar vivendo.
Referências
FRANKL, Viktor E. Em Busca de Sentido: um psicólogo no campo de concentração. 25 ed. – São Leopoldo: Sinodal;.Petrópolis: Vozes, 2008
FRANKL, Viktor E. O que não está escrito nos meus livros: memórias. – São Paulo: É Realizações, 2010
Comentários