Para mim é motivo de muita alegria quando vejo uma nova obra literária oriunda de escritor santanense. Significa que a produção literária está em plena atividade.
No inicio deste ano recebi um e-mail da escritora Lúcia Nobre solicitando se era possível que criasse a capa do seu novo livro a ser lançado durante a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, realizada no período de 21 a 30 de outubro de 2011. Inicialmente aceitei mas fiquei me questionando sobre as minhas habilidades para tal empreitada. Lucinha, como chamamos carinhosamente me pedia que olhasse no acervo do Portal Maltanet se tinha uma foto que se enquadrasse com o tema VEREDAS caminhos e riachinhos, mas não encontrei. Então disse a ela que não haveria problema em procurar uma paisagem no nosso sertão que ilustrasse o tema.
Passado algum tempo, muitas atividades, quase esqueci da missão, mas numa tarde de setembro ela me telefona e diz que a gráfica esta só esperando a capa. Como as coias de Deus e da Literatura, são para mim muito importantes, peguei a minha câmera e comecei a passear pelos arredores da querida Santana do Ipanema, acompanhado da minha filha Isis Malta.
A providência divina é encantadora, e logo após a localidade denominada Baixio, depois da propriedade do santanense Ivan Falcão, passando por uma passagem molhada me deparei com a imagem perfeita. Um caminho as margens do Riacho Camoxinga, uma frondosa árvore, uma vereda e a capa do livro pronta. Fotografei em várias posições e ângulos e uma das fotos estava pronta. Não precisava de retoques, até a luz incidental do final de tarde fez o contraste perfeito.
Mas a capa do livro é apenas um detalhe para que possa expressar o valor da literatura da nossa terra. Participei da Bienal do Livro, fui ao lançamento da nova obra de Lúcia Nobre, tema dessa crônica, conversei com amigos, conheci novos santanenses ilustres, comprei livros como sempre. Mas como guardo o costume de ler sempre, estava com duas obras na fila e as terminei neste sábado 19 de novembro de 2011.
O próximo livro foi exatamente VEREDAS CAMINHOS E RIACHINHOS, e como no adágio popular o li num fôlego só. A leitura é maravilhosa, Lucina inclusive fez uma mesclagem perfeita da obra de Guimarães Rosa, seu espelho literário, e o sertão que ela tanto conhece, que viveu a sua infância. A formatação do livro torna a leitura eclética, pois mistura um estudo científico da literatura do mineiro que ama os sertões e as coisas de nossa terra.
Fiquei encantando com a crônica FALANDO EM SANTANA, já tinha lido na publicação no Portal Maltanet, mas relendo na minha rede, curtindo um ventinho acanhado de uma tarde quente de domingo em pleno novembro, não me envergonho em dizer que lágrimas brotaram dos meus olhos com a perfeita descrição da minha terra sob a ótica dos escritores neófitos e famosos.
Depois mais uma leitura gostosa, TRAPIAZEIRO. Quanta recordação dos familiares da autora e suas raízes no Batatal, zona rural de Santana do Ipanema. Parece que estava vendo aquela árvore que na minha infância em Carneiros tive o privilégio de conhecer e comer seus frutos.
Sem contar que a poetiza em determinado trecho do livro fez uma citação que me fez voltar a uma tarde chuvosa em Santana do Ipanema quando estava passando pela avenida Dr. Otávio Cabral, próximo a Telecom Celular e Caixa Econômica, olhando sentido AABB pude registrar com minha câmera o meu sertão querido e uma magnífica paisagem. Vejam como Lucinha interpretou a foto publicada na Galeria de Fotos do Portal Maltanet:
“Caminhar na imaginação e cantar sua raiz é próprio do poeta. Em Santana do Ipanema não é diferente. Em uma serena tarde de outubro, os moradores recolhiam-se ameaçados pela chuva. Aos olhos do poeta, não passava despercebida a beleza que oferecia a paisagem. Avenida molhada, vários coqueiros a ornamentar, o arco-íris oferecia seu colorido mágico e harmonizava todo encanto do momento. O poeta desbravador do momento registrava e entendia que tudo aquilo tinha de ser poetizado. Aquela realidade seria transformada em magia. Eis a realidade mágica do nosso sertão. A chuva, a água, a paisagem bela e a arte do poeta para marcar o momento.(Veredas caminhos e riachinhos - Pag. 26).
Por isso tudo reafirmo o meu amor por esse sertão, terra que é capaz de produzir escritores como a Lúcia Nobre, que não mede esforços em estar no nosso meio quando a chamamos para participar de eventos, principalmente ligados a cultura. Parabéns Lucinha pelo seu VEREDAS Caminhos e riachinhos e já estamos curiosos para a sua nova produção.
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