ZÉ FARIAS E OS "CARONAS" FOLGADOS

Fábio Campos


Fiscal de Renda do Estado como sabemos trabalham em blitzs montadas em lugares estratégicos de escoamento de mercadoria ou nos diversos entrepostos de arrecadação fronteiriços de nossos estados vizinhos. Os fiscais da coletoria de Santana do Ipanema, ou iam pro povoado Quandú município de Poço das Trincheiras ou pra cidade de Ouro Branco. O saudoso Zé Farias, pai de Abdon (popular nenen) e Abílio Marques, antes de ir pro “andar de cima” trabalhou entre outros, também nesses dois postos. Conta-nos Abílio, que em certa ocasião ele estava de plantão no povoado do Poço, um cidadão, sabendo que ele já cumprira sua jornada de trabalho, e em poucos instantes estaria de saída pra Santana, procurou-o pra pedir uma carona. Encontrou-o em um barzinho, tomando uma gelada antes de pegar a estrada. E o abordou nestes termos:

- É o senhor que é Zé Farias?

-Sim senhor, que deseja?

-Seria possível o senhor dar uma carona a eu e minha esposa até Santana?

-Claro! Cadê a mulher?

-Tá em casa, eu vou avisá-la que consegui a carona. Agora o senhor tenha paciência, o senhor sabe como é “mulé” inda vai tomar um banho...Se ajeitar. Daqui um pouco eu venho chamar o senhor pra gente ir lá, pegá-la.

-Como é a história! Meu amigo eu não sou taxista nem esse aqui é carro de prefeitura. Se vocês tinham intenção de viajar era pra está aqui os dois, prontos!

Tomou o último copo de cerveja e foi-se embora deixando pra trás poeira na cara do carona folgado.

Em Ouro Branco sucedeu outro caso. Após cumprir seu expediente, se ajeitou pra vir embora. Ao passar, de carro pela praça central da cidade, um colega de fisco, reconhece-o e acena:

-Zé Farias!...

Devolve o cumprimento:

-Ôpa! Tudo bem?

E continuou dirigindo o carro até um bar ali próximo da dita praça. Tomou uma gelada tranquilamente depois pegou a estrada rumo à terra natal.
Dias depois, é chamado a sala do chefe:

-Ôxente, Zé Farias! Nosso colega veio reclamar que você negou a lhe dá uma carona de Ouro Branco pra cá? Por que isso homem?...

-Eu mesmo não neguei carona a ninguém. Eu ia passando ele me cumprimentou, eu também. E eu sabia lá que ele queria carona!



Fabio Campos 09/06/2010 É professor em S. do Ipanema – AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com

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