Num dia desses, estava eu, em um descontraído colóquio, com um homem que tinha idade de ser meu pai. Não era pessoa do meu convívio. Nem lembro mais como era seu rosto. Talvez fosse encaliçado de rugas. Tivesse um chapéu de palha na cabeça. Os braços fortes, a pele amorenada muito o denunciava como um camponês.
O lugar onde estávamos era a céu aberto, sob o mormaço do dia. O azulão do firmamento sem nuvens, testemunha da lição que naquele dia aprendi. Não sei o porquê, de repente estávamos falando sobre rede do Ceará. O homem disse assim: “Toda rede traz uma sentença de vida e de morte. Quando eu era menino, lá na casa do meu pai, quando minha mãe engravidava, com a barriga grande, ia dormir numa rede pro velho não mais a importunar, até o final da gestação. Segundo ela, pra não perder a cria. E outra, ninguém passava por baixo de uma rede! Pois se tinha isso como sinal de morte. Naquele tempo não existia caixão de defunto. Os mortos eram enterrados dentro de uma rede. Pode olhar que a posição mais confortável dentro de uma rede, é a de um defunto. Quer um conselho: Jamais xingue uma rede! Passar embaixo de rede, é como assinar a própria morte!” E ilustrou seu mau agouro com alguns casos ocorrido na sua família.
Isso me fez refletir, o tanto de vezes que passei por baixo de uma rede do Cariri. Ainda criança, depois jovem e mesmo adulto. E cá estou, na cumeeira do mundo, fazendo estripulia. Se você na sua infância não brincou numa rede, desculpe-me a franqueza, você não teve infância. Criança inventava cada presepada! Virar a boca da rede pra baixo, estando lá dentro, se equilibrando pra não cair. E as balançadas que quase faziam os tripulantes serem arremessado pra fora!
Também me fez confabular sobre o termo e seus outros sentidos na língua que falamos, e porque não nas estrangeiras. Por exemplo, rede e seus muitos significados: “Rede do (vale do) Cariri, ou rede do Ceará é uma peça de tecido resistente (algodão, linho etc.), suspensa nas extremidades que serve para dormir ou embalar; conjunto de estradas, cidades, departamentos e lojas; Teia Alimentar [biologia]; rede de energia elétrica; rede de pesca, redes esportivas, futebol: handebol, basquete etc. Redes de interações sociais, sites, plataformas etc. Fonte: Google.com.br”
REDE EM INGLÊS: HAMMOCK = Rede de Dormir; NETWORK = Rede de Internet ou de emissoras de televisão; SOCCER NETWORK = Rede de Futebol; FISHING NET = Rede de Pesca; BASKETBALL = Rede de Basquete etc. A diferença ficou por conta da de dormir.
Curiosidade aflorada. queríamos saber, o porquê da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte se chamar de Natal. O Google socorreu-nos: “O nome da cidade de Natal capital do Rio Grande do Norte é explicado em duas versões o dia em que a esquadra portuguesa entrou na barra de Potegi ou a data de fundação do sítio onde nasceria a cidade, por Jerônimo de Albuquerque a primeira em 25 de dezembro de 1597, e a outra dois anos depois.”
Outra cidade brasileira com nome bem natalino é Belém do Pará. “Iniciou-se como povoado chamado de Feliz Lusitânia, sendo em 1616, elevada a vila. Batizada por Felipe II de Espanha como Santa Maria de Belém do Grão Pará, em referência ao dia do Natal. Abreviado para Belém do Pará.” Curiosidades à parte: em Natal-RN tem o Forte dos Reis Magos [fundado em 1598]; em Belém-PA tem o Forte do Presépio [fundado em 1616]
].
Presépio e presepada: será que algo em comum entre esses termos?
De acordo com o site: veja.abril.com.br quem primeiro usou o termo Presépio para representar cenograficamente o nascimento de Cristo foi São Francisco de Assis. O termo vem do Latim “Presepium” sinônimo de estábulo, manjedoura. “O etimologista Silveira Bueno nos dá uma pista. Depois de afirmar que a tradição do Presépio foi iniciada com a atuação de “presepistas”, em autos de natal na era medieval.” Como eram atores não profissionais aproximavam a encenação a algo mais pra “ridículo”; sinônimo de “pastelão”, “palhaçada”. Assim como o filme “O Alto da Compadecida” [de Ariano Suassuna] que mistura o religioso ao cômico. Daí fica fácil associar os termos.
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Claudomiro jogador de futebol do Internacional, entrou pra história com uma frase que jamais teria dito. Ao jogar em Belém do Pará seus colegas inventariam que ele teria dito ao ser entrevistado: “É com grande alegria que venho jogar na cidade que Jesus nasceu!”
Diz que tinha um cara, que era tão preguiçoso, mas tão preguiçoso que preferia morrer de fome a trabalhar. E lá vai o homem pra ser enterrado vivo! Dentro de uma rede. Aí alguém se compadece e diz:
-Pare esse enterro! Vou te dá um saco de arroz pra você comer!
-É com casca ou sem casca?
-Com casca.
-Pois toca o enterro!
Disse o desgraçado.
Fabio Campos, 27 de Novembro de 2023.
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