Um adágio popular afirma que “A propaganda é a alma do negócio.” Queremos acreditar que pela concepção fonológica idêntica (semelhança na pronúncia), alguém resolveu substituir “alma” e colocar nas mãos da propaganda uma “arma”. Do ponto de vista filosófico, é perfeitamente aceitável, neste ditado popular, qualquer dos termos. No entanto na hora das construções sintáticas, o tiro pode sair pela culatra.
Antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer de onde vem o termo “negócio” “Etimologicamente e num sentido mais lato, a palavra negócio deriva do latim e quer dizer a negação do ócio. (wikipédia.org.br)” Portanto negócio é tudo que nega a ociosidade. No entanto, se bom ou ruim, são outros quinhentos.
Há algum tempo venho observando algumas propagandas veiculadas na emissora de rádio de maior audiência de nossa cidade, e percebo que determinadas frases poderiam ser melhor construídas. Por exemplo:
“...somos uma equipe séria e responsável.”
“...temos tudo que você precisa. Como, pneus...”
Por motivos óbvios, nos dois casos, preservamos a privacidade dos anunciantes e alteramos o conteúdo, ou seja as propagandas não existem como estão citadas aqui. A intenção é tão somente dizer que as frases, do modo como estão construídas, além de atropelar as regras gramaticais comprometem o entendimento.
No Primeiro Caso: ocorre ambiguidade: “séria e responsável.”
Soa assim: “séria irresponsável”. Daí cria-se um paradoxo. Pode algo ser sério e irresponsável, concomitantemente? SUGESTÃO: Coloca a palavra “responsável” primeiro: “...somos uma equipe responsável e séria.”
No Segundo Caso: também ocorre ambiguidade: “Como, pneus...”
Ora, é sabido que pneu, ou mesmo a prestação de um serviço qualquer, não se “come”, no sentido de ingerir, mas é justamente como soa! Infelizmente. SUGESTÃO: Por que não dizer apenas: “...temos tudo que você precisa: pneus, câmaras de ar etc.”
“Tempo é dinheiro” Eis aí outro dito popular que algumas pessoas estariam levando ao “pé da letra.” Ora, o proletário, o trabalhador, aquele que vende sua mão de obra, precisa entender que “Quem ficou rico correndo foi Pelé.” A neurose pela busca do capital, em troca de um trabalho, está possibilitando o aparecimento de um cem números de doentes e de farmácias: Farmácias do Trabalhador, farmácia do Aposentado, farmácia do Segurado da previdência, farmácia do desempregado, farmácia do Servidor Público. Alguém já viu alguma farmácia do deputado, senador ou presidente?
A “Revista da Língua Portuguesa, na sua edição nº 100 (fevereiro/2014) traz “100 Mitos da Linguagem” . Está lá por exemplo, informando que o bairro carioca chamado de Realengo, vem duma tabuleta afixada na frente dos antigos bondes elétricos que informava, pra onde o veículo ia: “Real Engº (Engenho abreviado).
Pra encerrar a definição do que seja um trabalhador. “Trabalhador é a pessoa que passa a vida inteira perdendo a saúde pra juntar dinheiro; aposenta-se e vai gastar cada centavo que juntou tentando recuperar a saúde.”
Fabio Campos 10.04.2014 Breve no nosso blog o Conto “A Pedra, A Estrela”
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