Alagoas sempre figurou no cenário nacional como terra de grandes políticos. Desde o proclamador da república Marechal Deodoro da Fonseca, seu sucessor Floriano Peixoto, passando pelo “Menestrel das Alagoas” Teothonio Vilela (pai), indo ao legendário Arnon de Mello. Cada um, a seu tempo, escreveram seus nomes na história política do país, e porque não dizer de sua terra natal.
Desde aquele tempo, assim como hoje, só existiam duas situações na política partidária, ou se era governo ou contra ele. O partido do Governo era a Aliança Renovadora Nacional: ARENA. Quem não fosse da ARENA era do MDB que tempos depois deixaria de ser apenas um movimento e se tornaria um partido: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB. Quem era da base governista, ou simpatizante desta, era da Aliança Governista. Aqueles que não simpatizavam, a esta ideologia dominante, eram chamados de democratas. Ou ainda, comunistas, dos quais o que se diziam deles era coisa pra tirar o sono de inocentes crianças, coisa de que só dormiam quando comiam um fígado humano e outras barbaridades. Lembro de uma frase que ouvi meu pai dizer, entre os amigos e uma boa gargalhada compartilhada: “Se farofa fosse bala democrata não comia!”. Não sendo a mesma de sua autoria, creio que a atribuía ao Major Luiz Cavalcante.
Os candidatos em campanhas eleitorais, em tempos idos, excursionavam pelo interior do estado em caravanas prometendo mundos e fundos. Varriam os mais longínquos sertões, não escapava viv’alma que não fosse visitada e consultada nas suas necessidades. Eles iam nas residências mais humildes. Dizem que certa vez, um assessor de Arnon de Mello, avisava ao senador que o caderno de pedido já está cheio. Ao que ele respondia: Jogue fora e pegue outro.
Quantas vezes não vimos, chegarem em nossa cidade subirem em cima de um palanque improvisado em um caminhão e discursarem palavras inflamadas a um povo cheio de esperança. Foi embalado pela retórica de Mendonça Neto, Tomaz Nonô, Renan Calheiros e Doutor Moura, num comício do MDB, ocorrido na praça Manoel Rodrigues da Rocha, em 1978 que sufragaríamos pela primeira vez nas urnas, nosso desejo de ver a tão sonhada mudança. Tempos depois descobriríamos que não passaria de ilusão. Eles também, não passavam de “filhos” da mesmice dominante.
Lembrei por esses dias, de uma resenha ocorrida, aqui em Santana do Ipanema, por ocasião daquela mesma campanha política de 1978. Num comício ocorrido na pra praça da Bandeira, desta vez da ARENA. Os usineiros Nelson Costa e o famoso causídico Dr.Zé Costa, após discursarem, descem do caminhão que servia de palanque e passam a cumprimentar o povo. Aperto de mão, tapinha nas costa e entrega do “santinho”. Ao recebê-lo, eu, que acabara de sair do Ginásio Santana, peguei a caneta e coloquei na foto do Nelson Costa: Um óculos preto, brinco numa orelha, colar no pescoço, um cigarro na boca e “arranquei-lhe” um dente incisivo, pintando de preto. Ficou surreal. Ao mostrar a João Carnaúba, além de achar muito engraçado, ele achou de mostrar a galera do monumento. Que não deixou por menos, foram mostrar ao candidato. Que apenas riu e guardou no bolso.
Fabio Campos 03/05/2010 *É Professor em S. do Ipanema-AL
Contato: fabiosoacam@yahoo.com
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