O título dessa crônica bem que poderia ser “ Paulo Fernando e o Barão”, mas ele já avisou, que não aceita esse tipo de brincadeira! Temos profundo respeito por V.Sa., amigo Paulo. Nada do que dissemos aqui, tem a intenção de macular a sua honra e dignidade. São reminiscências apenas.
Juarez Carvalho, é primo de Marcos Davi. Ele também fora, nosso vizinho de infância, desta vez pelo lado da nascente. No tempo que morei em casa de meus pais, na praça da Bandeira. Seu saudoso pai era conhecido de todos santanenses “o véio Zé”, ex-vereador Zé Francisco. Naquele tempo era caminhoneiro.
Pai também de: João de Deus Carvalho, Lucinha Carvalho, Carmélia Carvalho, Gervásio Carvalho, Gilvan Carvalho, Gilson Carvalho e José Francisco Junior (o popular Junior china da Ceal). Todos, filhos de Dona Glorinha e do Véio Zé. Cuja origem também é o Sítio Gravatá. Se não estamos enganado os pais de Juarez e irmãos, eram primos, entre si.
O véio Zé. Já cansado da vida de estrada, resolveu fazer seu sucessor no volante do caminhão. E o que mais mostrou-se, interessado no ofício do pai, foi Juarez. Certa feita apareceu uma romaria pra o Juazeiro. E Seu Zé Francisco resolveu, que quem ia à viagem, era ele, Juarez. Tudo certo, só que Juarez, ainda menino, um rapazote, que era - isso foi lá pelos ano de 1980 - achou de convidar alguns amigos pra ir com ele, a tal romaria a Juazeiro. Os convidados: Eu, Edmilson (filho de João Pintor, vigia do Colégio Estadual Mileno Ferreira), Luiz Fernando, o saudoso, e popular “Negrote” filho de Seu Luiz Soldado. E Paulo Fernando (atualmente, Dr. Paulo Fernando, grande advogado, filho de Seu Vicente e D. Nanete).
Tudo certo. Saída de madrugada, sem nenhum contratempo. A chegada ao destino está prevista para o outro dia. E tome estrada. Saímos de Santana e de Alagoas. Deixamos nossa terra natal e nosso estado para trás. Já estávamos no então estado do Ceará. Coisa que eu me admirei com a paisagem. Tudo verde, bonito. Umas serras bonitas no horizonte. O que eu tinha na minha cabeça, à época, sobre o histórico Ceará, pra mim era assim de cortar coração. Falada, cantada em verso, em prosa. Nas músicas de Luiz Gonzaga e tantos outros nordestino. Nos romances e nos filmes. Dava a entender, que na terra do Padre Cícero Romão Batista, havia muita miséria. Desencanto quebrado. O Ceará é bonito de se ver.
Em determinado momento paramos num daqueles, intermináveis pontos, onde se alivia o cansaço. E o sanitário, é o ponto mais importante para muitos, nessa hora. Também, se abastece os buchos, pra continuar a jornada. Paulo Fernando dedicou-se especialmente a essa última parte. Foi num restaurante que tinha ali. E comprou pastéis e um refrigerante. Pela “cara”, dos folheados de massa com recheio, percebi que não estavam muito católicos. Com cara, de muito tempo, de feito, a essa altura com o recheio comprometido. Não quis, optei por outro lanche. E a viagem teve continuidade. Em determinado lugar ermo, Paulo tem os estômagos a reclamar da agressão causada pelo lanche vencido, consumido lá atrás. E pede a Juarez pra parar. Precisa evacuar. Juarez, já conhecedor do percurso pede:
-Paulo! Aguente mais um pouco. Logo mais na frente tem um ponto de parada.
O motorista calculava bem. Sabia que separasse em qualquer ponto da estrada, ainda que fosse pra uma só pessoa. Isso acaba desencadeando uma reação coletiva, e todos querem. E meio de estrada é perigoso. O jovem motorista vai adquirido experiência. Melhor parar nos pontos certos. Em minutos chegamos a um lugarejo. Dá pra se perceber que não tem estrutura pra parada ali. Era a situação emergencial de Paulo, que nos obrigava ao “pit stop” improvisado. Os romeiros não entenderam, mas começaram a descer. Nós descemos também.
Paulo passou feito uma bala pra um Barzinho, uma privada era a única coisa que queria. Indicaram-lhe onde eram os sanitários coletivos. E a carreira do rapaz já tinha destino certo. Passou-se o tempo necessário. E mais um tempo extra, foi acrescentado. E nada de Paulo retornar do palácio, e do “trono”. Resolvemos procurar o amigo. E descobrimos que o mesmo já havia aliviado. Agora enfrentava outro problema. Não havia papel higiênico ali. A pedido do colega, fomos solicitar ao dono do Bar, o tão importante acessório de toalete. Nada. Negou, não tinha papel, nem uma jornal velho, nem uma folha de caderno, nem um bilhete, desses que costuma-se guardar na carteira, nada. Nada com que Paulo pudesse faz seu asseio. Juarez lamentou mais também, nada podia fazer. Ninguém podia ajudar nosso amigo. Alguém sugeriu que limpassem com a cueca e a abandonasse ali. A cueca era nova, cara. Dessas que só veste, quando se vai uma viagem importante feito aquela.
E Paulo encontrou uma solução. Limpou-se com uma nota de Barão!
Fabio Campos 16/05/2010. É professor em S. do Ipanema- AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com
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