GUILHERME PALMEIRA, COLLOR E TONHO NEGUINHO

Fábio Campos

Dos personagens-título de nossa crônica, dois deles são políticos renomados no Brasil e no estado de alagoas. Dispensam apresentação, inclusive o segundo é candidato a governador de nosso estado nas eleições deste ano. O terceiro é a figura folclórica lá de Senador Rui Palmeira, de quem já narramos aqui várias presepadas. Reunimos essas personalidades nesta prosa, por conta de fatos semelhantes envolvendo a “marvada cana”.

Quando Collor foi candidato a governador em 86, com o slogan “Vou acabar com os Marajás em Alagoas”, aparecia sorridente e jovial, numa foto que valorizava sua beleza. Um verdadeiro galã, desses que a gente vê nas novelas. Muitas mulheres, eleitoras alagoanas (depois seria à nível de Brasil na campanha pra presidente), projetavam naquele símbolo-sexual, todos seus sonhos mais adormecidos. E muitos homens também, ainda hoje o admiram e votam nele, pelo poder de persuasão de sua imagem e seu discurso. E chega Collor em Santana do Ipanema, de passagem pra Canapi, para na churrascaria Maracanã. Estavam sentados ali à uma mesa: Sérgio Campos, Gilmar Queiroz (Gilmar aleijado) e Roberto Oliveira (irmão de Germano) , entre outros. Collor se aproxima cumprimenta a todos, tapinha nas costas, palitinho nos dentes tinha acabado de jantar. Quando vai se despedindo, Gilmar inquisitivo detona:

-O senhor vai tomar “uma” com a gente!

Resultado, Collor teve que engolir por cima da janta, meio copo de Pitú limpa e ainda teve que deixar paga, a conta e uma grade de cerveja.

Se fosse Guilherme Palmeira não teria feito nem cara feia, pois é essa a bebida preferida desse nosso ex-governador. Também em campanha pelo estado em 78, este chegou aqui em Santana, para na toca do pato. Era um ano seco, o homem e sua comitiva era poeira só. Desceram dos seus carros possantes e batendo o pó do sertão, sentaram a uma mesa. O garçon se aproxima pergunta o que vão querer. Água Mineral pediu um, refrigerante pediu outro, e água de coco um terceiro. O rapazinho olhando pra Guilherme pergunta:

-E o senhor?

-Meu “fio”, eu quero um copo, pois a bebida eu já ando com ela. Um dos assessores foi no carro e pegou do estoque uma latinha de Pitú. E ele completou:

-Sou prevenido...Pode ser que eu chegue num canto que não tenha!

Um dos filhos de Tonho Neguinho foi pra São Paulo arranjar um meio de vida. Quase um ano depois mandou uma carta:

“Pai, depois que cheguei aqui arranjei uns “bicos”: Já fui servente de pedreiro, ajudante de mecânico e garçon. Comecei com uma Casa Grande, passei pra Engenho do Meio e agora estou com Três Fazendas!...”

Tonho se animou e disse:

-Meu “fio” tá rico!

Fez as malas e se mandou pra São Paulo. chegou lá encontra o filho, morando num cubículo mais cinco colegas, bêbado lavado, na mão uma garrafa da Cachaça Três Fazendas.



Fabio Campos 12/08/2010 É Professor em S.do Ipanema-AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com

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