A Escritora e pesquisadora Maria do Socorro Ricardo Almeida mãe do meu amigo Bel. Dr.Marcello Ricardo Almeida dedico esta crônica.
Os nomes das localidades, na sua totalidade, têm origem na busca pelos meios de sobrevivência dos povos. Pode ser uma cultura agrícola ou uma fonte aquífera. Isso já vem de muito tempo, desde a antiga Mesopotâmia: “no meio das águas”. Os municípios do nosso sertão: Santana do (rio) Ipanema, Olho dágua das Flores, Poço das Trincheiras, Dois Riachos, Cacimbinhas. Estes e muitos outros, são localidades que tem seus nomes ligados a um manancial de água. Mas existem nomes de lugares cuja referência é curiosa, algumas esdrúxulas e outras que possuem mais de uma referência como origem.
Nas minhas investidas pelo interior alagoano, mais precisamente no litoral norte, conheci um vilarejo chamado de Tatuamunha, município da cidade de Porto de Pedras, lugar onde morei um tempo. Buscando a origem do curioso nome descobri: “índios que habitavam a região desde o tempo da colonização, sobreviviam também da caça de tatu. Detalhe, caçavam sem nenhum tipo de artifício ou armadilha: era a mão e unha!” Daí Tatuamunha!
Lembro-me que alguns anos atrás as passagens dos ônibus da Real Alagoas, de quem saía daqui do sertão pra Maceió, tinha uma lista extensa das localidades por onde o ônibus fazia seu trajeto. Nomes de localidades bem curiosos: Minador do Negrão, Povoado Mata-Burro, Povoado Bola.
Num almanaque publicado pela CODEVASF (2001), li sobre a origem dos nomes de diversas cidades relacionadas ao rio São Francisco. Entre elas Minador do Negrão. Cuja origem, segundo aquele manual, vem de um senhor chamado Félix Negrão dono de uma fonte de água, chamada por ali de minador, que fornecia o líquido precioso para os moradores do lugar. Mata-Burro, eu pensava tratar-se de um lugar próprio para o abate desses asininos, na verdade é uma referência, a um tipo de fosso cavado no chão, na entrada das fazendas, provido de vigas espaçadas para servir de armadilha pra jumento fujão.
O Povoado Óleo, fica entre o povoado São Felix e Areias na zona rural de Santana do Ipanema. Nunca tive a oportunidade de ali estar, mas já sei a origem do nome. Dizem que O Óleo, começou pela casa de um senhor que fracionava e vendia, óleo diesel queimado. Os moradores da região compravam pra usar, no eixo dos carros de boi, isso desde o tempo da segunda guerra mundial, em meados de 45. É bem provável que exista outra versão, sabemos dessa.
Povoado Bola, era o antigo nome da cidade de Estrela de Alagoas. Bola em referência a incidência de muitos Tatus-bola, em tempos passado, naquela região. Um caso ali sucedido, entrou pro rol do nosso anedotário político. Um candidato a deputado em cima do palanque, inicia seu discurso nestes termos:
-Povo boliviano!...
O assessor, cutucando-lhe, a meia voz, tenta corrigir-lhe:
- Boliviano não doutor, bolense.
O causídico não se faz de rogado, e continua ao microfone:
-Tanto faz. Boliviano ou bolense! É tudo Brasil.
Fabio Campos 11/01/2010
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