Em matéria intitulada: “Bases Corporais da Gramática” assinada pelos professores, (o primeiro é doutor) de filologia e língua portuguesa, Marcelo Módolo e Henrique Braga. Publicada pela Revista da Língua Portuguesa (edição 99 –janeiro 2014), traz a tona um tema pra lá de interessante, pros amantes da lusofonia: “Os usos metafóricos de verbos da percepção. No trabalho, o estudioso ( Leosmar Aparecido da Silva) destaca verbos cujo sentido primeiro faz referência à percepção sensorial, com intuito de revelar como experiências visuais, auditivas, olfativas e gustativas estão na base de conceptualizações mentais de outras ordens.”
“Um dos exemplos na tese de Leosmar Aparecido da Silva são os conceitos de “abrir” e “fechar”. Na vida cotidiana, o indivíduo experimenta o abrir e fechar partes do próprio corpo (olhos, boca, mão) ou objetos matérias (portas, janelas, portões).(...) quando dizemos que uma pessoa introspectiva, ensimesmada, é “fechada” usamos essa metáfora.”
O trabalho aborda também metáfora pros verbos “ver” e “ouvir”. Nem sempre usamos com a completa acepção do verbo. Por exemplo, se alguém diz:
“-Fulano! Vê se dá pra cantar aquela canção que eu gosto tanto!”
O verbo “vê” aqui, não tem a intenção de significar, o mesmo que “olhar, enxergar” e sim, “verificar” ou “analisar”. E nesta outra:
“-É interessante que boa parte da população seja ouvida.”
O verbo “seja ouvida” num primeiro momento pode significar, o que realmente significa “ouvir” no sentido de “escutar”. Muito embora no contexto implica para além do processo físico de escutar apenas, e sim de “atender positivamente alguma reivindicação”.
Mudando de assunto, muito embora, permanecendo ainda nele. Numa aula de Biologia, propus aos meus alunos que trocassem, caso soubessem, nomes populares, por termos técnicos. Para partes do nosso corpo. Tais como: a) céu da boca; b) pá das costas; c) caixa dos peitos; d) ponta dos dedos; e) pau da venta; f) broca das orelhas; g) sovaco; h) moleira; i) goelas; j)cangote; k)boca do estômago; l)vazio; m)os quartos; n)entre pernas; o)bolacha do joelho; p)batata das pernas; q) bola do olho; r)beiços; s)bunda; t)xibiu; u)pau; v)cabaço; w)cabresto; x)queixais; y)saco; z)c... Não há como evitar alguns risos e gozações. O que importa é que aprendem. Pois, a maioria, não consegue mais que meia dúzia de termos técnico.
Noutra aula falávamos de tipos de doenças. E pra fixar melhor o conhecimento, foi dito que o sufixo “ite” está relacionado as doenças cujo quadro clínico o indivíduo apresenta inflamação do órgão relacionado. Exemplos: Amidalite: inflamação das amídalas; esofagite: inflamação do esôfago; meningite: inflamação das meninges; bucite; inflamação dos buços que envolvem as articulações; hepatite: inflamação do fígado (sistema hepático) etc.
E pra encerrar uma velha piada do humorista cearense, Renato Aragão, que recentemente deu um susto nos fãs, com um quase enfarto do miocárdio. Dizia o personagem âncora dos Trapalhões:
“-Meu avô morreu de sinusite.
-Como assim Didi?...
-Estava embaixo da torre da igreja. Aí o sino ziiiiiite!
Fabio campos 25.04.2014 Em breve: No nosso blog de Contos, inédito: “O AVÔ DE DEUS” Título provisório. Detalhe: Na próxima crônica,os termos técnicos de a) a z) de partes do nosso corpo.
P.S. Nosso sincero agradecimento, ao cronista colaborador deste Portal Maltanet, escritor Antonio Machado, pela crônica “Em Cada Canto Um Conto”.
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