A SAGA DE JOÃO DO MATO - POESIA DE CORDEL

Fábio Campos


Nosso amigo João do Mato
Filho de Dirce das Chagas
Se parece com Curisco
Só que esse não usa adaga
Do Filho de Antonio Francisco
Vamos narrar sua Saga
Em Santana do Ipanema
Na Rua Nova nasceu
É um santanense da Gema
Do mesmo jeitinho que eu
Se criou lá no Panema
Canela de Siriema
Cabeça de jabobeu
Todo dia ia pro rio
Ia num carrinho de taba
Na pesca sempre valido
Ganhou mais um apelido
De João “O Rei da Piaba”
Nadar no Poço dos Homens
Também Poço do Juá
João Neto é o seu nome
Gostava de vadear
Jogar bola, ximbra e pião
Nunca foi um bom zagueiro
No campo de aviação
Ou lá em Luiz Fumeiro
No grupo lá no oitão
Ô “perna de pau” maneiro
Acompanhava o palhaço
Só pra entrar sem pagar
Se não era desse jeito
Outro jeito era Maiá
Na sinuca de Zé Galego
Botava bola no pio
Com Geraldo de Otacílio
E o amigo Manoel Biu
Na feira não comprava fruta
Mas não parava os queixos
Na expermenta da farinha
Ou na coxa de galinha
Levava tudo no Xêxo
Batia ponto nos bares
Conhecido nos Puteiro
E os torrêro de João Soares
Comia sem ter dinheiro
Sempre gostou de animal
Nisso tem experiência
Trocou uma bicicleta
Por um Xucro na Intendência
O “terror” das cabritinhas
Tinha uma “queda” por jega
Na mão de milho enganava
O peste não dava trégua
Até mesmo uma égua
Deu bobeira ele pegava
Uma vez resolveu montar
Um jumento valentão
Deu-lhe coices e um esturro
E o danado do burro
Botou o cabra no chão
O montador derrubado
Quase foi pisoteado
Levou tanto machucão
Que ficou 3 dias em coma
Nunca mais quis fazer doma
De um bicho assim turrão
Menino foi Coroinha
Do grande padre Cirilo
No meio da Ladainha
O padre expulsou João Grilo
Não aguentou a murrinha
Talvez vocação pra “aquilo”
Ser camelo de Lapinha
Era triste a sua sina
Nas Cruzadas fez mutreta
Atentou Dona Marina
Eu nunca vi tão capeta
Destruía os enfeites
Do santo lá na charola
No Natal com alfinete
O peste pócava as bolas
Subia nos pés de figo
Menino tudo se inventa
Feito homem da caverna
Pular galho o cão atenta
Caiu e quebrou a perna
E lascou o pau da venta
Doenças ele teve todas
Sarampo e Catapora
Tosse braba cum catarro
Quando dava um pigarro
Botava o tutano fora
Maleita, Mula e Sezão
Papeira com diarréia
Tumôres cum carnegão

Morróida das de butão
Pegou Chato e gonorréia
Essa última duma véia
No cabaré de Brejão
Teve muitas profissões
De Leite foi tirador
Auxiliar de vaqueiro
No gamão foi professor
Ajudante de macumbeiro
Guia e Atravessador
Pirú em briga de galo
Até lavador de cavalo
Esse cabra se inventou
Lá na Casa Triunfante
No balcão foi ajudante
Serviço nunca injeitou
De palhaço aspirante
Projeto de um jogador
Aprendiz de trambiquêro
Foi flanelinha e Carreiro
Ô peste trabalhador!
Um Bloco de Carnaval
Com Zé Carvalho criou
Chamado de Bacurau
Pelas ruas desfilou
No tênis fez um sarau
Escola de samba fundou
Resolvido a virar gente
Casou-se com D. Dora
Que dois filhos lhe daria
E pra não levar um “driba”
Foi bater na Paraiba
E cursou Agronomia
Nas terras de João Pessoa
Que também é seu xará
Umas coisas não muito boas
Também aprontou por lá
Mas isso é outra história
Tá guardada na memória
Noutro Cordel vou contar.


Fábio Campos 16/06/2010 É professor em S. do Ipanema – AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com

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