"COBRA E O PREPARO DO JEGUE "GAÚCHO".

Fábio Campos

Desde segunda-feira vivenciamos a 48º edição da Festa da Juventude de Santana do Ipanema. Iniciadas com as competições de jogos em diversas modalidades. Claro que o ápice da festa ocorre com o tríduo de noites em que há apresentações de Bandas e a escolha da Rainha da festa de cada ano. A intenção primeira deste cronista, é trazer pra este espaço, fatos pitorescos de nossas reminiscências. Compartilhar com aqueles que também as vivenciaram, mas é também uma oportunidade de mostrar aos jovens, um pouco de como era Santana (através de nossa ótica) da década de setenta pra cá.

Então, nas Festas da Juventude de outrora, havia assim como hoje muito jovens de nossa cidade em férias escolares e os que moravam fora, numa grande confraternização de rua. E o cerne do evento eram as competições, principalmente as que ocorriam na Praça do Monumento. Louvamos os avanços e a modernidade, e este ano teremos pela primeira vez uma nova modalidade de competição: Concurso de Som de Carro, ao tempo que lamentamos o descarte de uma outra competição, a Corrida de Jegues: A tradicional “Jekana”. Essa competição foi incorporada no início dos anos oitenta, inclusive o apelido pra essa modalidade foi o radialista Francisco Soares que trouxera de Pernambuco, das famosas corridas de jegue, de Serra Talhada, Afogados da Ingazeira e de Cajazeiras.

O jegue até hoje insuperável em número de vitórias consecutivas, na Festa da Juventude, foi o jegue “Gaúcho”, do nosso amigo Cristovão Araújo Gaia, o popular “Cobra”. "Gaúcho", iguala-se a seleção brasileira em vitórias, é Penta Campeão nessa competição. Já seu jóquei - ou jéquei? - acumula muito mais vitórias, já são 23! Claro que com outros jumentos além de Gaúcho: Foguinho, Ludugero, etc.

Outro forte concorrente de “Gaúcho” era “Rodrigue” montado por Marcondes Alécio, o popular “Bode”.
Em um determinado ano em que a Jekana, foi vencida pelo amigo “Cobra”, o repórter Francisco Coelho da Rádio Correio do Sertão achou de entrevistar o jóquei de "Gaúcho":

-“Cobra”, o que você tem a dizer sobre mais essa vitória?

- Eu estou satisfeito...E o troféu dedico a Dona Antonia minha mãe e a meu jegue Gaúcho...

- Você por acaso tem guardado algum segredo para o desempenho desse jegue campeão, algum tipo de preparo, uma alimentação especial ou algo parecido?...

-Não. Só que na véspera, eu deixo ele descansando e boto o bichinho prá “dá uma” (cobrir uma jumentinha)... Pois teve um ano aqui que eu quase perco! Esse peste se engraçou duma jega que ia correr, e não correu que preste, ficou só atrás dela...

O repórter nem agradeceu, deu a entrevista por encerrada. E como era gravada: Claro, nem foi ao ar.



P.S. Sobre a extinção da competição da Jekana este ano (citação na crônica).Para surpresa e felicidade nossa: Ficamos sabendo que foi incluída de última hora. Retiramos (muito felizes) o que dissemos!


Fabio Campos 15/07/2010. É professor em S. do Ipanema- AL.
Contato: fabiosoacam@yahoo.com

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