O GUERREIRO PALMEIRENSE

Djalma Carvalho

Consternado, assisti à missa do sétimo dia em sufrágio da alma de Antônio Soares de Lima, celebrada em 24/11/2008 na igreja de Santa Rita, no Farol. Diletos companheiros dos clubes de Lions de Alagoas e uma legião de amigos e admiradores ali compareceram para abraçar a família enlutada.
Para falar de Antônio Soares necessário se faz, antes de tudo, falar de Lions, sua grande paixão. Conheci-o já empolgado com a causa do servir desinteressadamente.
Dentista bem-sucedido em Palmeira dos Índios, sua cidade natal, logo se engajou de corpo e alma nos movimentos sociais, comunitários e religiosos de sua terra, integrando clube de serviços e participando de cursilhos de sua diocese. Otimista, trabalhador, religioso, homem de fé, parecia-me um guerreiro ao abraçar uma causa em favor dos humildes, dos desamparados.
Do avô Pedro Soares, antigo prefeito de Palmeira dos Índios, Antônio Soares herdaria a verve política. Exerceu um mandato de vereador em Mata Grande e quatro em Taquarana, terra natal da esposa Cremilda. Como autêntico e atuante líder comunitário, conhecia profundamente a sociedade palmeirense e – quiçá – a alagoana com suas virtudes, costumes, padrões, valores e, certamente, com suas mazelas.
Corria o ano de 1969, quando se iniciaram os entendimentos para a fundação de um clube de Lions em Santana do Ipanema. À frente dos primeiros contatos, esteve Antônio Soares, que facilmente motivou e envolveu as lideranças comunitárias locais. Antes, em companhia do escritor Luís Torres, fundara o clube de Arapiraca.
Desse modo, em 16 de novembro daquele ano, numa manhã de muito calor, fundava-se o Lions Clube de Santana do Ipanema. Lembro-me da memorável e histórica solenidade realizada no Tênis Clube Santanense. Lá esteve seu grande amigo César Cals de Oliveira, governador do então Distrito L-14 (hoje LA-3), mais tarde ministro e depois governador do Estado do Ceará.
Irrequieto, empreendedor, aguerrido. Também foi um dos mentores da criação, na mesma época, do sindicato dos trabalhadores rurais de Santana do Ipanema, levando à comissão organizadora estatutos, regulamentos, etc.
Nos caminhos de Lions a gente faz boas amizades, encontra bons amigos. A partir daí, estabelecemos forte e sincera amizade, declarando-me ele leitor incondicional de minhas veleidades literárias. Também de origem interiorana, dizia-se identificado com os personagens de minhas crônicas.
Com os filhos em faculdade e a esposa procuradora de Estado, mudou-se para Maceió em 1977, deixando para trás sua cidade, os velhos amigos, as origens.
Homem combativo, sem meias palavras, defensor intransigente de suas convicções. Pai de família exemplar. Esposo amoroso. Nunca o encontrei mal-humorado. Impressionavam-me o entusiasmo e a inabalável disposição de viver, apesar do diabetes que o atormentava seriamente, fazia anos, e que o levaria ao túmulo.
Terminada a missa, e para conforto dos familiares e amigos, o filho Sérgio citava Santo Agostinho, dizendo: “A vida continua, linda e bela como sempre foi.”
Maceió, dezembro de 2008.

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