O FUNDADOR DE SANTANA

Djalma Carvalho

Autografado pelo autor, chegou-me à mão, via Correio, um exemplar do livro Martinho Vieira Rego – Fundador de Santana do Ipanema (SWA Instituto Editora, Santana do Ipanema, 2024), de autoria de Luiz Antônio de Farias - Capiá, escritor, estimado colega aposentado do Banco do Brasil, conterrâneo e confrade da Academia Santanense de Letras, Ciências e Artes.
O livro é bem-escrito, com 67 páginas, produto de incansável e trabalhosa garimpagem, pesquisa, em busca de nomes de famílias com sobrenome Vieira, Rego, Rodrigues, Gaia, Martins, Azevedo, Ricardo, Farias, e outros, na tentativa do autor, à luz da oralidade, chegar ao verdadeiro nome do fundador de Santana do Ipanema.
Se minha avó paterna, Maria Emídia Rodrigues, falecida em meados da década de 1940, estivesse viva, com certeza, estaria oferecendo sua colaboração histórica, porque conhecia a origem de todas as famílias santanenses.
Claro está no livro recebido o empenho do autor para contestar o nome existente, conhecido, definido, do fundador da cidade, assunto tratado há muito em livros a cargo do escritor, jornalista e professor Dr. José Marques de Melo, do professor, escritor e pesquisador Dr. Tadeu Rocha e, finalmente, dos escritores e historiadores irmãos Floro e Darci de Araújo Melo. Também, do padre Theotônio Ribeiro, em 1917, autor do Escorço Biográfico do padre Dr. Francisco José Correia de Albuquerque, Missionário Apostólico que pisou terras de Santana do Ipanema em 1787.
No livro Santana do Ipanema Conta sua História, de autoria dos irmãos Floro e Darci de Araujo Melo, página 128, consta a genealogia de Martinho Rodrigues Gaia, fundador de Santana do Ipanema.
Merece elogio o trabalho do autor, confrade Capiá, ao estudar o depoimento de uma senhora idosa, falecida em 1976 aos 96 anos de idade, de tradicional família santanense. Depoimento deixado por ela em um manuscrito de 12 páginas, de caligrafia firme e de boa pontuação, escrito em 1966, tratando da origem das famílias da cidade. Bela história das famílias trabalhadoras, proprietárias de fazendas, que evoluíram no decorrer dos tempos passados em volta do pequeno núcleo populacional chamado, então, de Vila da Ribeira do Panema.
Em pesquisa na biblioteca livre do Google, transcrevo o seguinte texto de autoria da historiadora Mônica Diniz, publicado em junho de 2005: “Os registros de terras surgiram no Brasil logo após o estabelecimento das capitanias hereditárias, com as doações de sesmarias. As sesmarias foram registradas em documentos cartoriais. A maioria dessas cartas de sesmarias encontra-se em Arquivos Públicos.” Basta-nos o penoso trabalho de consultá-los em Alagoas, Pernambuco, Bahia e no Rio de Janeiro.
Quem se der ao trabalho de procurar os registros públicos terá em mão cópias dos documentos referentes às sesmarias doadas aos “irmãos Martins e Pedro Vieira Rego”, citados pelos editores da XIX Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, edição de 1959, nomes certamente colhidos em fontes desconhecidas dos intelectuais aqui citados.
Nos antigos cemitérios de Santana do Ipanema, dois dos quais demolidos, deles nenhuma lápide foi encontrada e conservada para anular controvérsias. Não se conhece a data de nascimento e morte de Martinho Rodrigues Gaia, abastado fazendeiro, fundador de Santana do Ipanema, que ajudou, em 1787, o padre Francisco Correia (1757-1848) a levantar a capela em sua fazenda, em homenagem a Nossa Senhora Sant’Ana, hoje padroeira da cidade.
No meu livro Lua, Vento e Ventania, páginas 107/114, tratei do fundador de Santana do Ipanema, assunto por mim encerrado, baseado nos depoimentos de José Marques de Melo e Tadeu Rocha. (Este, por exemplo, pesquisou os dados históricos em Arquivos Públicos). Para ambos, o fundador de Santana do Ipanema foi, realmente, Martinho Rodrigues Gaia, “combinando história oral com pesquisa documental”, resultados em consenso com as pesquisas feitas pelo padre Theotônio Ribeiro, em 1917.
Afinal, parabéns ao querido confrade Capiá pelo seu paciente trabalho de pesquisa, citando nomes e sobrenomes de famílias inteiras, bastante conhecidas em nossa cidade. O escritor Luiz Antônio de Farias, contabiliza, agora, com este livro cinco obras publicadas.
Maceió, outubro de 2024.

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