Costumo dizer que a gente não esquece os bons amigos, apesar da distância existente entre tantos residentes em lugares diferentes, país afora, que nos impede do cordial e afetuoso abraço, presencial.
Com razão, e a propósito, o pedaço da canção de Milton Nascimento, que diz: “Amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito, perto do coração.”
Por ocasião das festividades natalinas, religiosamente recebo de presente, anualmente, um livrinho para anotações diversas, oferta do amigo Fernando Madeiro, alagoano, publicitário, morador no Recife. Agora, somados, chegam a três os exemplares recebidos. Um deles, com a mensagem: “É muito comum a gente estar dirigindo e lembrar de alguma coisa, procurar papel no carro, e nada.”
O assunto me leva a lembrar o saudoso escritor Aloísio Costa Melo, alagoano de Capela, membro da Academia Alagoana de Letras, então aposentado do Banco do Brasil, que me orientou em certa ocasião a utilizar um livrinho de anotações, espécie de memória, tão necessário ao escritor, ao cronista, alegava ele. Dizia-me que Medeiros Neto, entre outros exemplos, escritor, grande orador sacro, político alagoano do passado e luminar da Academia Alagoana de Letras, também possuía seu livrinho de memória.
Com tanto ciúme e cuidado, coleciono meus livrinhos de anotações, para eventual consulta, com frases significativas retiradas dos livros que leio, sobre amor, vida, tempo, velhice, idoso, humor, riso, poesia, sonetos, vinho, política, história, filosofia, curiosidades, e tudo mais, incluindo lições da Língua Portuguesa. Sem nenhum pecado.
Acabo de ler, por exemplo, a crônica “Sofrendo até o fim”, página 67, do livro O Conselheiro Come, do baiano João Ubaldo Ribeiro, que disse: “Já cheguei a carregar um caderninho no bolso, para anotar o que viesse à cabeça em qualquer lugar.”
Afinal, o hábito de anotações em livrinho de memória não é somente meu, como escritor, como cronista.
É também hábito de muita gente boa...
Maceió, fevereiro de 2025.
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