Faz um ano que Santana do Ipanema perdeu um dos seus mais ilustres filhos. Em dias de janeiro do ano passado, Alberto Nepomuceno Agra veio a falecer no Recife, onde se encontrava hospitalizado. Íntegro e honrado cidadão, a sociedade santanense muito lamentou o seu desaparecimento, porque não mais contará com os seus préstimos e com a sua incansável disposição para servi-la.
Esta crônica está chegando com um ano de atraso, porque estive aguardando, nesse lapso de tempo, que a tristeza não me impedisse de homenagear, em letras de forma, meu ex-professor do Ginásio Santana, grande amigo, ímpar figura humana, companheiro de clube de serviço e cidadão de bem, cuja exemplar conduta inspirou caminhadas de sucesso de muitos jovens santanenses do meu tempo.
Aliás, esse seu perfil já havia sido por mim traçado em crônica publicada em 1994, com o título Marca Vera Cruz, inserida no meu livro Caminhada. Referi-me, naquela oportunidade, a sua Farmácia Vera Cruz, estabelecimento que empregava modestos jovens de minha terra. Todos ali passavam por longo e rigoroso aprendizado profissional e assimilavam os melhores ensinamentos de comportamento responsável, no trabalho, no lar e em sociedade. Moços que, tempos depois, chegaram aqui a Maceió em busca de melhores oportunidades de trabalho, de estudo e de sonho da universidade. Em busca de novo emprego, não traziam nenhuma carta de recomendação, mas a única informação de que haviam sido empregados da Farmácia Vera Cruz, de propriedade de “Seu” Alberto Agra, passaporte bastante para a imediata admissão. Muitos desses rapazes, por exemplo, são hoje médicos, engenheiros, portadores de graduação universitária e bem situados na vida.
Pontual nos seus compromissos de comerciante e homem de negócio limpo, Alberto Nepomuceno Agra, de formação militar, era pessoa de palavra firme. Exemplar pai de família. Fez-se, com esse saudável modo de vida, merecedor do respeito, da confiança e da admiração dos seus conterrâneos. Era filho de tradicional família santanense.
Líder comunitário sem mandato político. Desprovido de ambições pessoais e de poder, poderia ter sido um excelente político, diferentemente desses de hoje, que a imprensa nacional os chama, com honrosas exceções, de incorrigíveis corruptos.
Fundou, com outros idealistas, o Ginásio Santana, tendo sido seu diretor e professor por muitos anos. Por onde passou, deixou a marca inconfundível da sua forte personalidade, do trabalho sério e honrado, com o especial realce para os sagrados valores éticos e morais.
Foi fundador do Lions Clube de Santana do Ipanema e seu primeiro presidente, tendo ali exercido inúmeros cargos de direção. Fui seu companheiro de clube desde aquela memorável manhã ensolarada e quente de 16 de novembro de 1969, com discursos e lauto almoço servido nos salões do Tênis Clube Santanense.
Em 1966, com outros líderes empreendedores, fundou a Companhia Telefônica de Santana do Ipanema, oferecendo à cidade as necessárias condições de comunicar-se, de forma rápida e moderna, com o mundo globalizado. Homem com visão de futuro, que sonhava com o progresso de sua terra.
Graduado maçom e venerável por vários mandatos, foi também fundador da Loja Maçônica de Santana do Ipanema.
No Colégio Nóbrega, do Recife, estudou humanidades. Esteve nos campos de batalha na Itália. De lá retornou herói da Segunda Guerra Mundial.
Por tudo isso, bem que Santana do Ipanema, afinal, poderia homenagear o ilustre filho desaparecido, deixando inscrito no frontispício do antigo Ginásio Santana o seguinte: Colégio Professor Alberto Nepomuceno Agra.
Maceió, janeiro de 2015.
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