CAPA DE REVISTA

Djalma Carvalho

Com esta conversa de hoje, vale lembrar que gentileza é qualidade de pessoa gentil, distinta, educada, amável. Empatia, na mesma direção da relação humana, por exemplo, é tratar outrem como gostaria de ser tratado. É colocar-se no lugar do interlocutor, numa amistosa conversa, numa reivindicação, num pleito qualquer.
Capa de revista é, e será, obra artisticamente bem-trabalhada, produzida, de caprichado bom gosto a cargo do editor da revista. Assim bem-apresentada, bonita, a capa deve ser motivo da admiração e do agrado do público leitor.
Com o meu pouco tempo de serviço na agência do Banco do Brasil em Santana do Ipanema, pelos anos da década de 1970, por aí, lá apareceu um auditor, enviado da Direção Geral, para inspecionar a dita agência. Estávamos diante de um idoso e experiente funcionário do Banco, já perto de aposentar-se.
Em reunião por ele convocada, o inspetor referia-se ao tema dedicação ao trabalho, ressaltando, nesse sentido, o dever de cada um do quadro de pessoal da filial inspecionada. Talvez, hoje, assim tratando o inspetor, estaria ele a enveredar pelos caminhos modernos do empoderamento do pessoal ou, em última análise, tentando chegar ao “vestir a camisa” da empresa.
Como exemplo, o senhor inspetor contou que, em determinada época, o ditador da Espanha mandara um servidor de confiança pesquisar o ambiente de trabalho no país, ouvindo dois trabalhadores da construção de uma igreja.
A um deles perguntou o pesquisador: “Gosta do seu trabalho?” Resposta pura e seca do operário: “Trabalho aqui para receber meu salário no fim do mês.” Do outro trabalhador o pesquisador recebeu a seguinte resposta, para a mesma pergunta: “Trabalho aqui para construir uma igreja, casa do meu Deus!”
Pois bem. Costumo, semanalmente, fazer compras no conhecido Sacolão, no bairro Farol, em Maceió, mercadinho bem sortido de tudo que você possa imaginar, a partir de frutas, produtos para despensa, e outros mais.
Lá, encontro um simpático empregado, atencioso, que gosta de tomar a iniciativa de empacotar, com papel celofane, transparente, mercadorias por mim escolhidas, antes de me dirigir ao Caixa.
Cada caprichado pacote que faz, de um abacaxi, macaxeira, inhame, uma fruta qualquer, traz-me acompanhado do elogio que faz do seu próprio e cuidadoso trabalho.
Afinal, considero-o trabalhador dedicado, cortês, que soube realmente “vestir a camisa” de sua empresa, qualidade que expressa no bordão por ele usado a cada pacote que faz com carinho: “Parece capa de revista, não é amigo?”
Cabe-me concordar com suas palavras.
Maceió, outubro de 2024.

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