ANDARILHO CULTURAL

Djalma Carvalho

“Esse menino escreve bem, é talentoso”, palavras que teriam sido ditas por Carvalho Veras, editor da Página dos Municípios, do Jornal de Alagoas, ao jornalista Rubem Cavalcante, a respeito de José Marques de Melo. Tempo áureo aquele, idos de 1960, por aí, da prática e aprendizado do jornalismo provinciano!
Acabo de ler o livro Alagoas na Idade Mídia (Maceió, Viva Editora, 2013), escrito por José Marques de Melo, recentemente publicado, importante obra que se junta ao seu apreciável acervo bibliográfico, composto, até agora, de 30 títulos de sua autoria e de cerca de 70 compartilhados com outros autores.
Motivação maior não haveria para a leitura do livro, senão o fato de tratar-se o autor de ex-colega de ginásio do cronista e pessoa que palmilhou o mesmo chão nativo. Talentoso e genial, José Marques de Melo projetou-se mundo afora, totalmente dedicado à causa da ciência da comunicação e ao jornalismo.
Primeiro doutor em jornalismo diplomado no Brasil (1973), José Marques de Melo é professor catedrático, conferencista, tendo percorrido o Brasil inteiro e todos os continentes, expondo suas teses e recebendo condecorações. E lá se vão mais de 50 anos de travessia, tornando-se “um dos mais importantes teóricos da comunicação da história do Brasil”, segundo o professor Carlos Eduardo Lins da Silva. Seu livro Comunicação Social: Teoria e Pesquisa (1970), por exemplo, tornou-se obra preferida da comunidade acadêmica, com 6 (seis) sucessivas edições.
Decididamente, Alagoas na Idade Mídia é obra densa, de fôlego, de obstinada pesquisa, que nos leva a refletir sobre as pegadas dos desbravadores que chegaram aquele arraial de mestiços encravado no sertão alagoano, na confluência do riacho Camoxinga com o rio Ipanema, e sobre a construção de uma sociedade moderna.
Propôs-se o professor José Marques de Melo a resgatar essa dívida intelectual. No segundo bloco temático do livro – a aldeia e a tribo, ele focaliza questões afetivas de amor à terra natal e à sua família. Capítulo especial é dedicado à Dona Iveta Marques de Melo, sua genitora, exemplo de brava mulher sertaneja, lutadora, empreendedora, caridosa e de prática de campanhas beneficentes. Belas páginas em sua homenagem, e outras tantas reservadas à história da família.
No primeiro bloco, ocupa-se o autor do estudo de perfis de paradigmas intelectuais dentro do panorama comunicacional alagoano, de ontem e de hoje. Faz-se necessário o olhar histórico e crítico de cada santanense, para entender o processo cultural por que passou Santana do Ipanema nos anos 20 e 30 do século passado, a par da leitura, por exemplo, dos perfis de Tadeu Rocha, Valdemar de Souza Lima e Oscar Silva, escritores santanenses já falecidos. As correspondências trocadas entre si merecem cuidadosa leitura.
Sensibilizado fiquei com o conteúdo das páginas a mim dedicadas (252-260), ao analisar as crônicas contidas nos 8 livros que publiquei. Palavras que me encheram de orgulho, estimulando-me a continuar a prazerosa caminhada de cronista provinciano.
Parabéns, afinal, ao doutor e professor José Marques de Melo pela publicação do livro Alagoas na Idade Mídia e pela sua brilhante carreira de cientista da comunicação, andarilho cultural, orgulho de todos nós santanenses, filhos da mesma aldeia.
Maceió, maio de 2013.

Comentários