Nobre leitor, família não se escolhe, nascemos dela e não podemos deixar de pertencer a esse grupo. A família é a primeira e geralmente a instituição social que mais participa e influencia nossa vida.
Claro que esse modelo cultural de vivência prolongada, não significa que as relações são sempre saudáveis. Infelizmente a maioria dos adoecimentos psicossomáticos e sócio emocionais, são gerados pela falta de habilidades emocionais dos adultos para se conviver em família. Ou seja, uns causam adoecimentos nos outros.
Lidar com pessoas é sempre um desafio, e imaginem que na prática, a dificuldade consiste em estarmos todo o tempo, com alguém que pensa diferente, tem emoções únicas, tem vontades e preferências particulares, e nem sempre nós concordamos ou conseguimos entender o porquê as outras pessoas são assim no seu modo original existirem.
O ser humano não tem poder para mudar o outro, quando geramos cobranças e imposições excessivas, no máximo o que se consegue é tornar o outro mais desconfortável ou doente. Entendam que, cada ser humano pensa e faz escolhas a partir da sua crença e da sua necessidade individual. Não devemos julgar o outro por escolhas diferentes das nossas.
Mas por que é tão difícil conviver com essas diferenças?
Por que na maioria das vezes conseguimos ser gentis com os estranhos, mas não conseguimos tratar com a mesma gentileza e cuidado os que convivemos dentro de casa?
A resposta é simples: SOMOS TREINADOS PARA ISSO.
Falar alto, humilhar e pressionar familiares traz a falsa ideia de poder e controle, ser violento e tratar o outro com grosserias traz a falsa ideia respeito.
Os adultos querem ser tratados com educação e gentileza, mas na maioria das vezes são intolerantes e agressivos com esposo(a) seus filhos.
Os filhos escutam que devem respeitar as pessoas, mas os pais expressam no dia a dia que não levam desaforo pra casa.
Os pais querem que seus filhos sejam leitores e estudiosos, mas eles enquanto adultos, mal conseguem da atenção e ajudar os filhos nas tarefas da escola.
Tudo isso traz a tona quão contraditório é o ser humano, devido ao potencial cognitivo e adaptativo que existe em nós, e de forma lógica, isso evidência o quanto nos tornamos desinteligentes diante de aspectos que envolvem fortes laços emocionais.
Mas a pesar de ser algo pouco inteligente e muito doentio para a vida em grupo, é muito comum identificarmos na maioria das famílias, que seus gestores são educados, respeitosos, generosos e flexíveis com os estranhos (não familiares), mas são extremamente críticos, agressivos, intolerantes, punitivos com seus próximos (familiares).
Quanto mais se convive intimamente com alguém, mais deveria ser fácil agradá-la, tolerar suas fragilidades, respeitar suas vontades e opiniões, ser gentil e coerente com essas pessoas que nos acompanham diariamente.
O exemplo é seguido, e essas crianças quando se tornarem adultos, terão grandes possibilidades de reproduzir os comportamentos de intolerância e pouca inteligência emocional. E assim o ciclo se repete com as próximas gerações.
Por isso, caro leitor, que vivemos em uma sociedade tão doente e violenta, nossos ancestrais nos treinaram para isso. Já percebeu que raramente agradecemos ou elogiamos a quem vive no nosso lado.
Você não escolheu ser quem é não escolheu sofrer o que sofre, possivelmente também entende por que seus familiares não simpatizam ou não gostam muito da sua forma de agir.
São ciclos automáticos que vem se repetindo há vários séculos. Então pense que você pode se tornar um ser humano muito melhor e evoluído, se conseguir mais inteligente emocionalmente, e só dessa forma podemos evitar conflitos e adoecimentos em nós mesmos e nos que vivem a nossa volta.
Quem ama não maltrata nem quer ser maltratado. Quem é gentio recebe gentileza. Quem é educado é tratado com educação. Quem elogia é elogiado.
Em breve publicarei a continuação do texto, com reflexões sobre como podemos mudar nossa realidade agressiva através da gratidão.
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