SENHOR DOS MUNDOS

Clerisvaldo B. Chagas

SENHOR DOS MUNDOS
(Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2010)

Com a aproximação do Natal, o mundo civilizado respira uma subdivisão atmosférica de otimismo. Isso vai aliviando as pressões globais que desarvoram, inquietam, angustiam esse planeta de expiação. A Europa não tem mais segurança no poder que não parece mais poderoso assim. Construído com o tempero do ódio, das brigas, das inimizades sangrentas, o Velho Continente vai estudando a arte do entendimento, mesmo com as desigualdades étnicas, religiosas e linguísticas, tentando benefícios mútuos de robustez. No ultramar, os EUA já não são a economia que mais cresce. Não são mais líderes absolutos na expansão do progresso científico e tecnológico. Ninguém tem mais inveja do modo de vida americano. É claro que não estamos incluindo aí a indústria bélica, sem similar no mundo inteiro. Tanto é que o Tio Sam, nos assuntos gerais, apoiam-se perigosamente na bengala das suas armas destruidoras. Preparados para guerras de invasões, os Estados Unidos vão amargando com seu “elefante branco” as novas estratégias de combates que inutilizam suas vitórias. É só paginar Vietnã, Iraque, Afeganistão que adotaram a forma leve e móvel da guerrilha. Agora é o modo de pipoca usada pelo terror antiamericano internacionalizado. Estouros consecutivos, rápidos e lépidos em variados lugares, pelos ratos, endoidam o gato poderoso que não consegue descarregar o arsenal imenso em outro gato. O terror multiplica-se geometricamente nessa guerra psicológica e geopolítica. Que artefato atômico poderá vencer a mobilização fácil dos ataques como os da Tunísia, Bali, Mombara, Riad, Istambul, Casablanca, Jacarta, Madrid, Sharm el-Sheikh e Londres?
Os cientistas não preveem um bom futuro para a Terra. Os problemas são inúmeros e os estudiosos falam em encontrarmos qualquer coisa de repente numa noite qualquer que nos leve ao fundo. E quando especialistas avaliam a globalização, o domínio pessimista prevalece. Além das previsões catastróficas de enchentes, tempestades, mudanças de temperatura e falta d’água, como faremos nós? Somam-se aos conhecimentos humanos às previsões divinas desaguando para o mesmo estuário. Os terráqueos enchem-se de medo de uma catástrofe que pode descer sobre nossas cabeças. Além disso, o terrorismo vai minando a defesa como o boxista castiga o fígado adversário. Diz um sociólogo que os europeus não se vangloriarão por muito tempo da liberdade, se os povos de outras partes do mundo continuarem necessitados e humilhados. Não existe mais segurança nas fronteiras nacionais porque tudo agora está acorrentado ao todo.
Eu também não gostaria de ter escrito e nem lido essa crônica, bastante amenizada diante da realidade. Vamos fugir das apreensões lancinantes defronte ao presépio. Não existe saída, a não ser a piedade do menino que nasceu nas palhas. Louvemos ao SENHOR DOS MUNDOS.

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