PADRES E COROINHAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 15.3.2010)
Você gostaria de ser coroinha? As piadas sobre o escândalo envolvendo padres de conceito no Agreste alagoano percorrem ruas e estabelecimentos de Arapiraca. Em qualquer parte aonde se chega, ouve-se os marmanjões perguntar para outros: “Fulano, você não quer ser coroinha?” E as gargalhadas acontecem em ambos os lados, seguidas de mais humorismos grosseiros. O problema da pedofilia na “Capital do Agreste” põe em xeque aquela paróquia e envergonha mais uma vez o mundo católico regional e brasileiro. Os estouros dos escândalos no Brasil, na Alemanha, ultimamente, ou nos Estados Unidos, parecem se enquadrar nas profecias sobre as estrelas que iriam cair na Terra. Não é somente a paróquia de Arapiraca que enoja a sociedade, mas inúmeras outras espalhadas por todos os lugares da terra. Quando não são usadas as crianças ─ que ingenuamente são levadas a servir à Igreja pelos pais desavisados ─ são mulheres casadas (chamadas beatas); programas com gente da rua (ver caso de Maceió do padre assassinado) ou mesmo freiras envolvidas nas imoralidades. Em Santana do Ipanema mesmo e região, correram muitos boatos à boca miúda. Existiu e existem padres tarados que são até motivos de folclore. Certa feita ouvimos uma piada a respeito de um desses garanhões. Nu, diante do espelho, um indivíduo perguntava: “Espelho meu, espelho meu! Existe no mundo um cara mais tarado do que eu? E o espelho respondia: “E o padre fulano já morreu?
Como fica o rosto do catolicismo perante a opinião pública? Os três pastores que foram flagrados com contrabando de armas são inocentes criaturas em comparação com esses crimes hediondos contra crianças. Por que padres não vão para a cadeia? Não basta afastar o sacerdote da paróquia. Depois ele continua a prática infame em qualquer altar mais longe. A responsabilidade que tem esses ministros de Deus são as mesmas que tem os juízes que juram defender a Lei. Estamos comparando a responsabilidade dos venais, os imundos, arrogantes ou com ares de santos, vendidos como Judas. Como pode um homem chegar a uma das profissões mais bonitas, último bastião da esperança do pobre que procura justiça, e se corromper. É isso que ensina à esposa, aos filhos, aos netos: ser ladrão descarado pior do que o assaltante comum que não tem instrução alguma. A Igreja católica, para não escandalizar ou para não diminuir o número de ministros, muitas vezes prefere calar numa continuação tácita com a banda podre. Por que os padres não são apresentados nos presídios como pedófilos? Uma indenização, um pedido escondido de desculpas, uma suspensão da Ordem e pronto! Está tudo resolvido. E os fiéis seguidores da religião que confiam, que se confessam, que comungam, que não faltam às missas aos domingos... Que indenização deveriam receber pela vergonha de pertencer aquela paróquia? Ou a cúpula radicaliza numa limpeza rigorosa e geral ou o diabo toma logo conta de tudo. E quem já não gostava de vigários, hem! É de enxugar a língua mesmo nos PADRES E COROINHAS.
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