PREFERENCIAL, SEM PREFERÊNCIA
Antonio Machado
Os sociólogos afirmam que a primeira sociedade que o homem pertence é a família, constituída de homem mais mulher igual a filhos, em sendo a menor sociedade existente, é ao nesse ambiente que os filhos vão aos poucos copiando os erros e acertos dos pais, para formar suas personalidades, que lhes marcarão por toda existência, modulando com o convívio com outras pessoas e a escola, como a lhes preparar para a longa caminhada da existência. O homem aprendeu a conviver em grupo, com os próprios animais, que em bando tinham mais forças e condições de se defenderem das agressões tanto das feras quanto das intempéries da própria natureza, desde o homem da caverna que gerou o nomadismo na busca e na procura de alimentos até as condições climáticas para suas sobrevivências, era a sociedade nascendo, a organização surgindo aos poucos, e o ser humano como animal racional, dada sua inteligência, foi gradativamente sentindo e vendo a necessidade de uma organização em todos aspectos, como forma de crescimento em tudo, e as leis foram dando margens a tudo isto, a ponto de criarem o famoso chavão, a união faz a força e a união gera a organização. Criaram-se os direitos humanos, veio o estatuto da criança, do idoso, enfim tudo hoje possui suas normas e regras para um melhor ordenamento que gera o desenvolvimento. Foi instituída a fila como uma forma democrática de todos participarem com a mesma igualdade. Há alguns anos, criou-se o preferencial para o velho que agora é “idoso”, o doente mental, o paraplégico, que agora é “especial”, tudo isto e muito mais para facilitar a vida desses seres à margem da sociedade. As repartições, os transportes instituíram lugares para essa gente. Tudo isto no papel é bonito e belo numa ação louvável e digna de registro. Ora, na prática tudo isto foge à regra, tornando-se bem distante da realidade preconizada e amparada pelas leis. Nos ônibus, essa lei não se cumpre, nos consultórios médicos e hospitais, o preferencial não tem preferência, atendem-se oito e mais, para chegar à vez de um cadeirante, de uma gestante e um pobre velho, nas casas lotéricas e bancos, as filas dos especiais são enormes, e o caixa, é o mais vagaroso do órgão, atende-se um número grande dos chamados normais, para se atender um pseudo especial, quando o Brasil possui um contingente muito grande de pessoas acima de sessenta anos, não é mais um país de jovens como no passado, as estatísticas confirmam isto, essa lei, essa justiça não está sendo observada e muito menos cumprida, diz Rui Barbosa: “que quando a justiça demora, passa a ser injustiça”. Todos esses adjetivos bonitos são apenas retóricas. É comum se dizer ao careca: “é dos carecas que elas gostam mais”, quando na realidade, tudo isto é uma farsa, apenas para o ex-cabeludo acreditar nessa empáfia.
O respeito às pessoas, mormente os idosos e similares, deve ser uma constante em todas as repartições, e não atropelar suas vidas já tão sofridas pelos reveses da vida, já não chega à humilhação de estar naquela situação tão constrangedora, dependendo de tudo e de todos, escreveu Antônio Feijó: “o coração nunca envelhece, basta um sorriso, um nada, um alvoroço, e tudo se ilumina e aquece”. Num mundo que passa com pressa, muitas vezes, o homem não percebe o que está ao seu redor e esquece o próprio homem, quando o ser humano é o que há de mais belo em toda natureza criada, como sentenciava Sto. Tomás de Aquino. Essas preferências precisam ser revistas e muito bem, para que todos tenham direito a tudo dentro do mesmo contexto, e que o preferencial, tenha realmente a preferência de quem está à frente das situações, para evitar erros que venham prejudicar seu semelhante, acertadamente, Franklin Roosevelt, escreveu: “o único homem que não comete erros é o que não faz nada. Não tenha medo de errar, contanto que não cometa duas vezes o mesmo erro”.
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