MISSA PRÁ LAMPIÃO

Antonio Machado

Antonio Machado

A história do cangaço no nordeste pontificou de 1920 a 1940, fechando o ciclo com a morte de Curisco, “o diabo louro”. O estado de Alagoas foi sempre visitado pelo famigerado bandido Lampião (1897-1938), que mesmo tendo vivido pouco mais de 40 anos, foi o suficiente para deixar seu nome na história do cangaço. Foi, pois, Lampião, um dos facínoras mais violentos da história dos cangaceiros, seus crimes bárbaros e hediondos, o caracteriza muito bem de “crime contra a humanidade”. Atualmente os estudiosos e pesquisadores do cangaço, estão dando uma nova versão da história desse desalmado bandido, que sequer respeitava crianças e idosos, para suas maldades a idade não contava. Sua amásia Maria Déia, mais conhecida como Maria Bonita (1911-1938), estava com apenas 27 anos de idade quando morreu, não era melhor que Lampião, era sádica, fria e calculista, sentia prazer em matar as pessoas enfiando seu punhal cravejado de ouro na região clavicular, morriam aos pulos com o sangue jorrando da carótida e a maldita assassina rindo as gargalhadas da dor alheia de suas infelizes vítimas, enquanto o ímpio assassino João Baiano, possuía um ferro com as iniciais JB que em brasa chamejante, ferrava as mulheres tendo preferencial pela bochecha e a bunda, esses e outros bandidos merecem o repúdio, o asco, a ojeriza dos nordestinos. Há alguns anos o biógrafo de Lampião, Valdemar de Lima, mandou celebrar a primeira missa pela alma de Lampião, na época causou certo repudio a sociedade, agora já se somam 18 missas celebradas no local da chacina onde Lampião, Maria Bonita, e mais nove cangaceiros foram mortos. Muitos pesquisadores e prosadores têm se debruçado no tema do cangaço, sem esquecer a literatura de cordel que tem explorado o assunto em grande quantidade, uns exaltando a figura do bandoleiro e seus asseclas, outros focando suas atrocidades. Tem até biógrafos que registram que alguns padres da região sertaneja via de regra, celebravam missas para Lampião e seu bando, a exemplo do Padre Soares Pinto da freguesia de Pão de Açúcar, Lampião professava a religião católica dizem seus biógrafos que ele fazia seus cangaceiros, levantarem-se de madrugada para rezarem o Ofício da Imaculada Conceição, no meio da caatinga sertaneja. Em se celebrar missa por sua alma é justo sim, pois o perdão é oferecido a todos, embora perdoar seja divino. Lampião visitava Juazeiro do Padre Cícero Romão Batista, porém disfarçado de romeiro, e numa das vezes acabou se encontrando com o Padre Cícero, no longínquo ano de 1926, numa audácia do então deputado Floro Bartolomeu, dizem até os menos letrados que o Padre Cícero lhe outorgara uma patente de “capitão”, porém isso não corresponde à realidade dos fatos, haja vista essa tão patente não possuir o nome do santo patriarca do Juazeiro. Hoje tem até cidades com estátuas de Lampião e Maria Bonita, pasme o leitor, a cidade pernambucana de Serra Talhada se movimentou para erigir uma estátua gigante em homenagem a Lampião, considerando-o herói, quando se sabe que a história da perversidade e maldade com a humanidade sertaneja foi sem tamanho. 77 anos após o trucidamento do Lampião e parte de seu bando os resquícios do mal que ele semeou, ainda permanece na memória daqueles que tiveram famílias marcadas pela ação nefasta daquele que foi o pior dos céleres bandidos da história do cangaço. Quando o presidente Getúlio Vargas e o governador de Alagoas, Osman Loureiro, quiseram acabar com Lampião, o fez na fatídica manhã de 28 de julho de 1938, cabendo ao tenente João Bezerra o louro de dar cabo ao banditismo, conforme ele escreveu no seu livro antológico intitulado, Como dei cabo a Lampião.

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