ABELHAS MELIPONÍDEOS (SEM FERRÃO)

Antonio Machado

Antonio Machado
A natureza na sua onisciência ao criar o mundo, o dotou dos mais variados seres, dentre eles os insetos, na linha dos invertebrados, e sabiamente criou as abelhas sem ferrão, do grupo dos meliponídeos, que dada sua docilidade, são essenciais a vida humana, face produzirem o mel cristalino tão rico em nutrientes ao consumo humano. A vida desses seres tem despertado estudos a várias pessoas, em vista de suas vidas simples, inofensivas e notadamente sua ciosidade, visto só produzirem seu mel, às escondidas, todo ambiente deve estar hermeticamente fechado para que elas trabalhem no fabrico de suas colméias produzindo o delicioso mel. A espécie das abelhas do grupo meliponídeos, conhecidas também por abelhas nativas, desdobra-se num leque de mais de 300 espécies espalhadas nas três Américas, o Brasil tem sido celeiro desses seres passando até ter grupos e cooperativas que cultivam abelhas, os apicultores, que com seus criatórios conseguem extrair grandes quantidades de mel dessas colméias comercializando com boa aceitação do público, face sua importância na alimentação humana, também como remédio contra determinadas doenças, o mel é recomendado. As abelhas possuem tamanhas formas, coloração e costumes diferentes, com seus ninhos ou colméias variando entre 500 e 800 mil indivíduos, onde todos trabalham, mas possuem uma vida efêmera, variando de 30 a 40 dias, porém deixam sua contribuição grande em seu habitat, são abelhas sem ferrão, porém as que existem atualmente no sertão e em grande quantidade, são as chamadas abelhas com ferrão, as africanas ou “oropa”, estas são agressivas e valentes. A importância das abelhas não consiste somente no fabrico do mel, mas também na polinização das plantas através das flores, carregando em suas minúsculas patas o pólen que faz a multiplicação das espécies de plantas, haja vista sua ação atingir cerca de mais de 90 por cento das árvores. Observa-se que essas abelhas podem ser domesticadas, criadas em tubos de madeiras ocas, ou feitas de tábuas, os chamados cortiços, e protegidos cuidadosamente de alguns predadores como as lagartixas, no sertão conhecidas como “catengas”, os Bem tivis, que ficam de espreita para pegar as abelhas. Enquanto no campo, elas se arrancham por meio de enxames nos troncos ocos das árvores, e ali fabricam o mel, mesmo com a vulnerabilidade da natureza, dentre tantos nomes, destacam-se a Uruçu, Mandaçaia, Jataí, Moça branca, Tiúba, Irapuá, Tataíra e tantos outros nomes que compõem o mundo das abelhas, estas fazem parte das meliponídeas. As florações das árvores em todas as espécies, praticamente, são preferidas pelas abelhas, que se não extraem o néctar, como matéria prima do mel, mas polinizam a flor, constituindo-se importante a visita das abelhas as flores.
A atividade da apicultura é milenar, o homem aperfeiçoou os métodos e dinamizou a criatividade com os anos, mas não conseguiu fazer o mel com as mesmas características da abelha, porque o segredo a natureza só deu a ela. No passado o sertão de Alagoas foi um dos maiores produtores de mel, mormente quando toda área era coberta pelas grandes florestas, constituindo-se ambiente favorável as abelhas as floradas eram constantes com os invernos e trovoadas regulares, mas hoje o cenário é outro e bem diferente. Como observador sertanejo, enfoco alguns pontos básicos que estão sendo dizimando e até acabando as abelhas, são eles: as queimadas desordenadas, devastação da flora, os inseticidas na lavoura e finalmente à chegada na década de setenta, da abelha africana com ferrão, estas infestam os lugares das meliponídeas, matando-as e as expulsando de suas moradas. A abelha Mandaçaia, a mais famosa de todas no sertão, havia em grande quantidade produzindo um excelente mel e de qualidade, hoje é extinta dado a estas vulnerabilidades citadas, tudo isto provocando grandes prejuízos para a população, reverter esse quadro, é impossível. Convém registrar também que, além do mel, as abelhas produzem a própolis, conhecida popularmente por “saburá”, muito empregado na medicina no tratamento das doenças.

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