A FEIRA LIVRE DE OLHO D’ÁGUA DAS FLORES (2ª parte)
Antonio Machado
Na primeira parte dessa epopéia, isto é, a criação da feira livre no município sertanejo de Olho d’Água das Flores, narrei o seu inicio, nesta segunda parte, evidenciarei seu importância como fonte gerador de riquezas para o município. O Povoado crescia a passos largos, com a chegada das famílias Barbosa, Abreu, Vilar que foram se juntando a outras que foram surgindo, e com isto o povoado chegou a condição de Vila, e conseqüentemente, conquistou sua emancipação política, tendo a frente o timoneiro maior, Domício Silva, aos 02 de dezembro de 1953.
E a feira? Essa continuava crescendo aos olhos curiosos dos moradores da região, e atraindo mais gente, gerando divisas para o município de Santana do Ipanema, que detinha o controle de tudo, haja vista Olho d’Água das Flores ser a galinha de ouro de Santana, que se opunha veementemente, a sua emancipação política, a ponto de escrever e editar um ”dossiê” muito bem elaborado para que os deputados estaduais não aprovarem a Lei de Emancipação de Olho d’Água das Flores, cujo documento se encontra em meu poder, que me fora oferecido pelo saudoso político Domício Silva, em cujo documento contém cerca de cem (100) nomes que faziam oposição a pretensão do povo olhodaguense...
Desde que foi criada, a feira livre fora sempre aos domingos. Mas ocorreu que, assumiu o cargo de Intendente municipal, o cidadão, Durval Jerônimo da Rocha que governou de 1941 a 1942, sendo o 9º Interventor de Santana. Era homem decidido, e tomou a iniciativa de mudar a feira do domingo para a segunda feira. Veio a Olho d’Água das Flores, que pertencia a sua jurisdição, reuniu os comerciantes, e lhes expôs o assunto, alguns não concordaram, mas a palavra do Intendente prevaleceu, que por fim disse: “se em Major Izidoro deu certo, aqui também vai dar” bateu o martelo. E a partir do dia 17 de maio de 1943 até a data de hoje, a feira livre se realiza na segunda feira, há 67 anos (1943-2010). Este relato me fora contado pelo cidadão olhodaguense e político, Alonso Abreu Pereira, falecido aos 13 de outubro de 2002, em Arapiraca.
A feira livre desta cidade onde tudo se comercializa em grande quantidade, não deixa nada a desejar das feiras interioranas, vem expandindo cada vez mais, a prefeitura municipal possui controle de tudo, cobra uma taxa irrisória, chamando de “chão de feira”, para manter o local limpo para os feirantes, sendo a única feira livre existente no município, torna-se bem concorrida e participada pela população, cujos produtores já começam a chegarem no domingo a noite, às quatro da manhã, já começa o movimento da feira e vai até as 18 horas, sendo sempre um dia de muita movimentação na cidade. Conforme dados fornecidos pela prefeitura local, que possui o controle da feira existe cerca de 300 bancas cadastradas, com uma taxa cobrada para limpeza das ruas, que normalmente são ocupadas pelos feirantes, a arrecadação semanal é variável.
Dos objetos comercializados na feira livre, a mais antiga é a feira das panelas, isto é, onde se vende panelas, potes e até pratos feitos de barro, isto é, popularmente, chamados de objetos de cerâmica, porém esses utensílios, são feitos ainda muito rudimentares, praticamente sem nenhum acabamento, porém ainda e muito procurado pela população, mormente as do interior. Pois essa feira das panelas, data de aproximadamente, 1945, há praticamente, 65 anos, sendo as pioneiras nessa arte, Maria Satuba, Alvina, Maria Domingo e Maria Percinha, que residiam no Povoado Pedrão, posteriormente, a arte foi aprendida por d. Auta do Gameleiro, e suas irmãs, Vicência, Sebastiana, Izabel e Felisbela, que, conseqüentemente passaram para suas filhas: Cícera, Autelina e Maria. Todo barro é extraído da cacimba do gato, que misturado ao do gameleiro, torna-se adequado para o fabrico das chamadas “louças de barro”. Atualmente, as paneleiras estão reduzidas a duas pessoas, Severino, mais conhecido por “Biu” e sua esposa d. Carmozina, haja vista as demais quem não faleceu, está aposentada, somente esse casal mantém a tradição das panelas.
(No próximo artigo, informarei a ultima mudança da feira)
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