41 ANOS DE IMBURANA

Antonio Machado

Os bons livros nunca envelhecem, perpetuam-se na história e perenizam-se no tempo, pois uma boa obra literária é aquela que é lida mais de uma vez, e quando relida, traz sempre estimulo, e parece se renovar como a lendária Fênix. O livro Imburana escrito pelo saudoso escritor Wilton Moreira da Silva, está fazendo 41 anos de escrito e se enquadra devidamente dentro do conteúdo deste artigo. Poucos são os livros que merecem ser relidos a exemplo de Imburana, trata-se de uma obra sociológica e histórica, onde o autor relata com conhecimento de causa, os fatos e feitos do povo sertanejo com muita propriedade abrangendo desde o ciclo do gado, a religiosidade popular, o cangaço e as grandes secas que afligem o sertanejo. Dr. Wilton Moreira nasceu em Maceió, foi aluno do colégio Modelo, e trouxe a verve de escrever, formou-se em direito e abraçou a magistratura chegando ao relevante cargo de desembargador, certamente prolatou muitas sentenças em exercício da profissão. Conheci de perto tão exemplar expoente das justiças dos homens, fui seu aluno no curso de francês, idioma que dominava fluentemente. Por uma década foi juiz da Comarca de Olho d’Água das Flores, e aqui residia, identificou-se tanto com a comunidade, que acabou casando com uma olhodaguense, Marilene Rodrigues, de cuja união nasceu Wilton e Janaina. Juiz de decisões pensadas, seus júris eram concorridos na cidade lotando os locais onde se realizavam. Ao Dr. Wilton Moreira da Silva pode se aplicar as sábias palavras do imortal Rui Barbosa, que assim se expressou: “três âncoras deixou Deus ao homem: o amor à Pátria, o amor à Liberdade e o amor à verdade”. E Imburana? Ah! Prezado leitor, é um best-seller sertanejo a exemplo de O quinze de Rachel de Queiroz, A bagaceira de José Américo de Almeida, Vidas Secas de Graciliano Ramos, Prossissão dos Miseráveis de Luiz B. Torres e tantos outros, Imburana de Dr. Wilton Moreira foi prefaciado pelo imortal Medeiros Netto, o maior tribuno alagoano do passado, que emoldurou a obra numa pela página literária, focando o homem na história, mormente o sertanejo onde sua vida pela sobrevivência, se confunde com os cactos do sertão. Essa obra publicada em 1975, exatamente há 41 anos, abriu um ciclo na história dos romances sertanejos, dado os temas abordados pelo autor, escrito em Olho d’Água das Flores, num birô que hoje pertence a este articulista, como relíquia onde o Dr. Wilton Moreira escreveu pela primeira vez, sucintamente, a origem desta cidade, centrado na história e na tradição, baseando-se também nos versos do poeta e político Olimpio Sales de Barro (1910-1974), de quem foi amigo. O cangaceiro Maracajá que figura na obra pertenceu ao bando de Lampião, ele vivia nesta cidade onde era conhecido do juiz de direito, e certamente lhe contou muitas facetas de sua história, quando vivia no bando, daquele facínora, seu nome verdadeiro é João Barbosa Maracajá, porém era conhecido como Remanso, mesmo com os trabalhos de magistrado Dr. Wilton encontrava tempo para escrever e ainda escreveu e publicou Imburana em 1976, Eu, o Relator em 1972, Temas do direito em 1995, Instantes de Maceió em 1999, este em poesia, pois era primoroso poeta além de artigos esparsos em jornais e revistas, pertenceu ao todos os órgãos culturais do estado. Dr. Wilton Moreira soube escrever com cinzel seu nome na perenidade da história

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