Não adianta tentar convencer os fanáticos, os demagogos e os ideólogos sobre a realidade fatual. Para eles, pouco importa a morte de 260 mil cidadãos(ãs) brasileiros bem como pouco importa a verdade sobre a política nacional. É autodestrutivo, para quem faz parte de um séquito acrítico de uma religião política, procurar aquilo que não se quer: a realidade em si, como se dá. Esses indivíduos não aceitam a realidade como se nos apresenta. Somente uma realidade construída ideologicamente lhes interessa.
Para eles, sempre os outros é que são errados e não entendem nada de ciência e política. As convicções e crenças da massa de moralizadores políticos é que precisam vingar como uma lei a priori, de forma cogente, sob uma moral moralizadora, pois o Outro é visto como um inimigo, geralmente identificado como representante das esquerdas e de suas pautas políticas, tido, de alguma maneira, como inimigos da família, de Deus, da pátria.
Mostrar-lhes o caos em que estamos e indicar-lhes possíveis culpados é uma dura e violenta agressão às suas existências. Por vergonha e receio de justificativas morais (que lhes escapam), mas não só!, são incapazes de reflexões sérias, de autocríticas, de submeterem-se aos ditames da razão. A necropolítica e a política de destruição são as bases de um pensamento político religiosamente intolerante e fechado ao debate, à discutibilidade.
Por isso, continuam irracionalmente a defender o indefensável. A crítica os aterroriza, parece os ameaçar. Não se deve esperar, portanto, lucidez e racionalidade de quem já não pode (e nem quer!) oferecer. Perguntar a bolsonaristas sobre vacinação, economia, mortes, corrupção, etc e tal, é perguntar se eles adoram Bolsonaro e se votariam nele novamente. A essa altura do campeonato, apenas os fanáticos ainda buscam defender a visão esdrúxula e nefasta de que a economia é mais importante do que a vida. Ou pior: de que tudo está perfeitamente bem!
O grande escândalo é a realidade fatual! O obscurantismo, o negacionismo, a idealização de um inimigo a ser combatido e o pensar anticiência demonstram, de algum modo, quão perigosas para a democracia e para a civilização essas pessoas podem ser. Basta, como exemplo, lembrar um fato histórico em relação a fanáticos que perdem a noção da realidade fatual: Joseph Goebbels foi capaz de envenenar os próprios filhos por amor ao Führer, por estar, em sua mente radical, "arbeitet für Führer".
Adriano Nunes
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