in memoriam de josé marques de melo
está coberto de neve o meu tropical coração
mas cactos chamejantes incendeiam-me o sertão!
aves aziagas a voarem merencórias
em coro vão cantando um belo cantochão!
vou abrir-me as eclusas da memória
e permitir que um ipanema de outrora
possa inundar o crepúsculos que agora
se instala sem pedir-me permissão
para onde partiu a santanense águia
a adejar pela vastidão dos campos elísios
e a mandar saudades pro nosso coração?
em nós chove um granizo
de um inverno que se instala
em nossa íntima estação...
águas, águas da ribeira
do ipanema de outrora
juntai todas vossas forças
pra enfrentar esta hora
em que se abrem as eclusas
das mais vívidas memórias
e louvai uma vida
que foi toda preenchida
por sucessivas auroras!
vida que foi bem vivida
vida jamais esquecida
vida jamais ida embora!
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