A PASSAGEM DO BASTÃO

Crônicas

Luiz Antônio de Farias, capiá

Em recente visita a minha velha e querida Santana do Ipanema tive a satisfação de participar de um evento literário, na câmara municipal, quando houve o lançamento do livro Antologia de Escritores Santanenses e Convidados, uma compilação de poesias e crônicas de autoria de novos escritores locais, de outros municípios, bem como de outros estados adjacentes. A obra foi organizada pelas noveis e talentosas escritoras Kélvia dos Santos Vital e Lícia Cibelle Maciel Carvalho.

A solenidade foi iniciada com a palestra proferida pelo romancista, historiador, poeta e cronista Clerisvaldo Braga Chagas, membro fundador da Academia Arapiraquense de Letras, o qual fez uma explanação detalhada sobre a história de nossa terra, desde os primórdios, quando o fundador Martinho Vieira Rego e sua esposa adquiriram a Fazenda Picada, pelo preço de 300$000 mil reis, em 19 de março de 1771, nas imediações da Maniçoba, passando inclusive pela importância fundamental da presença do Padre Francisco Correia de Albuquerque na disseminação, entre os primitivos, do sentimento de religiosidade, como também sobre Martinho Rodrigues Gaia, além de outras importantes figuras responsáveis pelo desenvolvimento inicial desta terra abençoada por nossa Excelsa Padroeira Senhora Santana. Teceu comentários, também, sobre o prédio onde funciona o Ginásio Santana, que foi construído preliminarmente para abrigar a guarnição militar do 2º Batalhão de Polícia, comandado pelo Coronel José Lucena Maranhão, aqui instalado para combater os cangaceiros do bando de Lampião, o rei do cangaço. Esclareceu, ainda, o referido orador, sobre a designação Monumento, nome dado ao bairro, por conta da capela de Nossa Senhora da Assunção, construída em homenagem à passagem do século XIX. Curiosamente os degraus da referida igreja serviram de vitrine para a exposição das cabeças dos bandidos dizimados em 28 de julho de 1938, na grota de Angicos, no estado de Sergipe. Dando continuidade à cerimônia outros oradores fizeram uso da palavra, enaltecendo a importância da divulgação da cultura como ferramenta fundamental no processo desenvolvimentista de uma região.

Com relação ao que pude observar no evento, tenho como ressaltar a surpresa positiva, com a percepção que tive, de que a juventude da minha terra está trilhando por um caminho digno, onde a preocupação com a cultura está evidenciada, o que deixa em nós, mais calejados, a certeza de que a passagem do bastão está garantida, porque as mãos receptoras estão preparadas para dar continuidade a tudo aquilo que almejamos, ratificando, cada vez mais, o título de Terra de Escritores dado a nossa querida Santana do Ipanema.

Recife, novembro de 2017

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