EM BUSCA DA VERDADE

Crônicas

Luiz Antônio de Farias, capiá

“O cidadão é o indivíduo que tem consciência de seus direitos e deveres e participa ativamente de todas as questões da sociedade. Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade, ou no meu bairro, acontece comigo. Então eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida. Um cidadão com um sentimento ético e consciente de sua cidadania, não deixa passar nada. Não abre mão desse poder de participação.”(Betinho)

Saí da minha querida terra há quarenta anos, mas minha terra nunca saiu de mim. Alguém já disse isso. Desde então todo mês, invariavelmente, enfrento os oitocentos quilômetros (ida e volta) que separam Recife de Santana, para oxigenar a memória, rever amigos e familiares (com passagem obrigatória pela Fazenda Belo Horizonte, de meu amigo e compadre Manoel Cirilo) e acompanhar o “desenvolvimento” da Fazenda Lagoa do Rumo, meu “doce prejuízo”.

Procuro sempre me inteirar sobre o dia a dia da cidade, para não deixar escapar “o fio da meada”. No mês passado, tive acesso a um panfleto que foi distribuído ao público, creio eu, no qual indicava que alguns desportistas, admiradores da nossa querida Associação Atlética Ipiranga, não se mostravam satisfeitos com o desempenho da atual diretoria, a qual, além da longevidade de comando, havia se tornado uma “caixa preta”, cercada de mistério, e inacessível aos simpatizantes do clube. De volta a Recife tomei ciência de uma manifestação do Sérgio Campos, através do facebook, onde basicamente ratificava os dizeres do panfleto ao qual me referi acima. As declarações foram replicadas por muitos correspondentes da referida rede social, mas por razões de ordem particular foram retiradas do referido veículo de comunicação.

Concordo plenamente com as reivindicações dos interessados, visto que o assunto é de interesse coletivo, e envolve um clube que se tornou um patrimônio de todos os santanenses e já fez, por muito tempo, a alegria de nossa cidade. No entanto, no meu ponto de vista, a forma de como foram feitas as ponderações não foi a mais saudável, por conta da utilização de denuncias vazias, insinuações inconsequentes, deixando transparecer, em alguma oportunidade, dúvidas sobre a integridade da gestão em curso.

Entendo que deve haver transparência em toda governança e não pode ser estimulada a perpetuação no poder em qualquer instituição, porque tal prática leva à estagnação, e as mudanças administrativas são saudáveis, porque vêm sempre acompanhadas de novas ideias e de decisões oxigenadas. Em toda situação a busca de solução de problemas recorrentes sugere que haja entendimentos entre as partes envolvidas, de uma forma concisa, madura e conclusiva, atitudes que levam a um caminho que mesmo não sendo o esperado, seja o possível. Mesmo assim se o consenso não for alcançado existem os recursos através de conciliadores e, em última instância, dos meios judiciais. O que não pode ser concebido é serem colocadas “em cheque” a dignidade e a honestidade das pessoas, sem a devida comprovação.

No caso específico, que envolve o Ipiranga, não é tão difícil fazer contato com os diretores em questão, em busca das informações desejadas, porque essas pessoas têm endereços de fácil localização. Daí se não for possível um entendimento de maneira suasória, devem ser utilizadas alternativas disponíveis e, em caso comprovação de improbidade administrativa ou má fé, sejam buscados meios de se chegar a um ponto conclusivo, responsabilizando os envolvidos.

Não é saudável, no meu modo de ver, situações sérias serem tratadas de forma simplória, principalmente quando de ambos os lados existem pessoas de representatividade e de comprovada idoneidade.

Isto é o que penso. Respeito quem julgar de modo diferente.

Recife, novembro/2017

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