"Ainda hoje a minha queixa é de um revoltado, apesar de a minha mão reprimir o meu gemido. Ah! se eu soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele a minha causa, encheria a minha boca de argumentos. Saberia as palavras que ele me respondesse, e entenderia o que me dissesse" (Jó 23.1-5).
Imagine isto: uma convocação de pessoas irritadas se reunindo numa montanha para ter uma sessão de queixas com Deus.
A primeira pessoa a apresentar o seu caso é Moisés. Ele agarra firmemente seu bordão e dá um passo autoritário à frente. Olha dramaticamente para a esquerda e depois seu olhar se desvia a direita. Faz uma pausa deliberada, cofiando a barba esvoaçante. Ele olha diretamente para Deus e estronda numa voz poderosa:"Deus, nós nos conhecemos muito bem. O Senhor fez um bom trabalho no Mar Vermelho e com o exército de Faraó. Mas, será que eu não poderia ter colocado pelo menos um pé na terra de Canaã? Tenho esta queixa contra o Senhor há milhares de anos e preciso desabafar. Minha experiência com o Senhor não tem sido totalmente agradável. Fui deliberadamente exaltado para depois ser humilhado. Tudo que fiz foi bater na rocha! Que mal a nisso!"
"Olhe" - Moisés continua, elevando a voz emocionado. "Desisti do conforto do Egito, como segundo em autoridade ao Faraó. Segui ao Senhor sem vacilar. Tudo o que obtive em troca foram 40 anos nos confins de um terrível deserto, outros 40 anos tratando com uma multidão de pessoas que se comportavam como mentecaptos mal agradecidos, e depois morri justamente 30 dias antes de todos os outros entrarem na Terra Prometida! Estou desgostoso. O Senhor simplesmente não é 'justo'!
Deus sorri reverentemente e em silêncio faz um aceno par o próximo da fila.
João Batista pigarreia nervosamente, lançando um olhar pra o papel amassado que guarda na mão. Ele começa, "Deus, sei que o Senhor é reto e santo, mas estou realmente aborrecido. Quanto mais penso, tanto mais me enraiveço. Deixe-me fazer uma pergunta: O Senhor já teve que comer gafanhotos? Eu tive - UFA! Além disso, o Senhor me obrigou a andar por morros e vales, gritando sobre o arrependimento com toda a força dos meus pulmões. E isso não é tudo. Depois de trabalhar tanto por sua causa, terminei numa cela da prisão e, a seguir sem cerimônia alguma minha cabeça foi cortada! Isso não é 'justo'! Acredito que me explorou para proveito próprio. É dessa forma que age? Se agrada em espremer as pessoas, tirando tudo delas e depois jogá-las fora? É isso que faz?"
Continua...
Comentários