Série hipocrisia - 2

Manoel Augusto

O lixo que nos incomoda


Acabo de chegar da rua, como diria lá na Freguesia de Santana Anna da Ribeira do Panema, e, no calor da minha indignação quero registrar o meu protesto. Protesto contra o lixo, protesto contra a sujeira. Andando pelas ruas de nossas cidades, das megalópoles às pequenas vilas, com algumas exceções, nos deparamos com lixo. Lixo nas calçadas, lixo nas ruas, lixo nos terrenos baldios, lixo nas encostas, lixo nos córregos e rios, lixo nas praias. Quando você reclama, surge sempre alguém pra dizer: O que você quer? Isso é Brasil!!! Não minha gente, Brasil não é e não pode ser jamais, sinônimo de sujeira. Vamos respeitar a Terra Brasilis, nome limpo como limpo é a árvore que lhe dá o nome. Associar pobreza com sujeira é exagero. Lembro-me bem que a nossa cidade era citada nos 4 cantos do Estado, como uma cidade limpa, sabíamos sempre que era pobre mais suja jamais, como diz a sabedoria popular: sou pobre mais sou limpinha!
E naquela época os doutores da nossa cidade contava-se nos dedos de uma mão. O que vemos hoje? Famílias de classe média e alta, ignorando o lugar onde seus funcionários colocam o seu lixo de cada dia, se na rua, na linha do trem ou no mais próximo terreno baldio, seja ele de quem for. Muitos pais doutores e mães professoras ou vice versa, não se dão conta do lixo (garrafas de refrigerantes, copos, sacos plásticos ou cascas de frutas), jogado dos seus carros em movimento pelas ruas, pelos filhos e até por eles mesmos. Além de emporcalhar o ambiente, entopem os bueiros provocando alagamentos quando vem as chuvas.
Muitos desastres e prejuízos poderiam ser, senão evitadas com certeza minimizados. Mas, a nossa anti-cultura não permite, e como vivemos numa “democracia” nos comportamos como hipócritas. Na verdade, Democracia é respeito ao próximo. Se todos respeitam ao próximo, todos seremos respeitados, e assim se restabelece o conceito de cidadania.
Lá fora, falo de outros países, aqueles desenvolvidos, o poder público é vigilante, é atento é presente, por isso que se desenvolvem cada vez mais, enquanto nós, com o já surrado “complexo de vira lata”, complexo de coitadinhos, com peninha dos bichinhos que cometem pequenos crimes e infrações (na verdade é a escola do crime que começa com pequenos delitos) sob o argumento que os grandes crimes ficam impunes, principalmente daqueles que tem imunidade, não agimos, somos complacentes, deixamos pra lá e o resultado é o que aí está, de desorganização geral e sujeira implacável.
Na nossa Maceió, cidade tão bela quando vista do alto, quando nos aproximamos ficamos torpes com o mau cheiro e anuviados com a sujeira, além dos buracos nas ruas e meios fios maltratados contribuindo para o acúmulo de águas putrefatas. As ruas de Maceió não resistem a uma fiscalização da saúde pública. E, quantas outras ruas e cidades brasileiras também não resistem!
Será que já não é o tempo de se fazer alguma coisa? Dizer que somos sujos porque somos pobres é forçar exageradamente os fatos. Tantas comunidades pobres que dão exemplo de higiene e de bom senso! Enquanto outras, que tem sobra de riqueza, sujam, dizem, porque podem pagar para limpar. Na verdade, povo desenvolvido não é o que mais limpa, mas, com certeza, é o que menos suja!!!

maas

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