REALENGO AQUI?

Luciene Amaral da Silva

Era tarde de quarta feita dia 03 de agosto de 2011, por volta de 15:45, ouve-se uma discussão, de repente alguém entra na sala da diretoria da escola dizendo que o menor que já havia causado transtorno no dia anterior estava dentro da escola. Como entrou não sei. Ao abrir a pequena janela da sala da diretoria vi uma ‘criança’, menor de idade em discussão não deu pra ver com quem. Os funcionários da escola tentavam coloca-lo para fora, nisto os alunos já estavam assustados. E a discussão continuou.

De repente as crianças começaram a correr, alguns funcionários abrigavam os menores na sala, ele havia entrado numa sala pela janela. Queria acertar contas com outro aluno.

De repente só se ouvia a gritaria das crianças e os funcionários tentando resolver a situação. O menor estava amedrontando a escola. Se estava bêbado, drogado ou armado, ninguém pode afirmar. Só afirmava matar quem chamasse a policia.

Muitas crianças correndo no pátio, chorando em total desespero. Seria realengo aqui? Quem está hoje nas escolas desprotegidos de tudo, não poderia pensar em outra coisa.
E nada do menor sair. Muito tumulto, medo e pânico. Alguns parentes vieram a escola para tentar ‘salvar’ suas crianças.

De repente a policia chega ao local, ele foge e começa uma perseguição para tentar ‘capturar’ o menor. Crianças correndo na rua indo para casa em desespero, moradores se aglomerando para ver o que acontecia. E pela segunda vez o menor foi detido. Os policiais procederam com os trâmites burocráticos de registro da ocorrência, o Conselho Tutelar compareceu a escola, fazendo os encaminhamentos cabíveis e viáveis para a situação. Ambas instituições levaram as fotos e filmagens da ocorrência. E os parentes levaram seus filhos e funcionários para casa.

Antes das responsáveis chegarem à delegacia para a finalização dos procedimentos legais, o menor já havia sido libertado. Hoje a rotina continua como sempre nas escolas municipais e estadual de Areia Branca.

Enganam-se. A rotina nunca mais será a mesma. O clima de terror não sairá mais da memoria daquelas crianças. Alunos dizendo que iam sair da escola, não iriam estudar mais, outros dizendo que não voltariam mais essa semana e funcionários aterrorizados com o menor morando próximo a escola e com tanta raiva de quem chamou a policia.

A justiça tem que proteger o menor, o Conselho Tutelar tem que garantir os direitos da criança e do adolescente. Todo esse cuidado é para com o menor infrator, mas o que me preocupa, já que presenciei tudo, é quem protegerá o menor vitima? Quem irá garantir a segurança da criança que está na sala de aula tentando aprender para ter um futuro melhor? Quem vai protegê-los?

Estão lá, agora de manhã, desprotegidos, porque o poder público falho nas suas obrigações e exigentes nos resultados positivos, pela rede estadual não tem pessoal suficiente para realização das funções. Não tem vigilante, nem porteiro no turno da manhã onde funciona a rede estadual. O governo só enxerga o que lhe convém e funcionários e crianças estão entregues a sorte como em realengo.

Nos turnos vespertino onde partilham do mesmo prédio rede estadual e municipal a situação não é muito diferente. Todos protegem o menor infrator e quem vai proteger o menor vítima, os professores que apenas estão trabalhando contribuindo para a melhoria da vida daquelas famílias, os funcionários em geral que a partir de hoje vão trabalhar na escola com medo, aterrorizados, esperando o momento de tudo voltar acontecer e de forma trágica.

Realengo, Areia Branca e quantos mais continuarão assim para que algo seja feito. Que Deus abençoe aqueles funcionários e crianças, pois a justiça de Deus tarda mais não falha, enganado estava quem criou esse ditado, a justiça de Deus não tarda, é mais mais rápida que a humana.

Até breve, espero!

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