NATAL OU ANIVERSÁRIO NATALÍCIO?

Fábio Campos

Pois é, vai não vai e estamos fazendo uso deles. Refiro-me aos ditos populares. Agora, alguém aí já se perguntou por que tantos deles utilizam os animais pra mandar seu recado? Se não vejamos: ”De grão em grão a galinha enche o papo”; “Quem sofre de véspera é peru de natal”; “A galinha quando se espanta deixa o ovo”; “Quem não tem cão caça com gato”; “Quando um burro fala os outros musgam as orelhas”; “Em terra de sapo de cócoras com eles”; “Macaco velho não põe a mão em cambuca”; “Gato escaldado tem medo de água fria”; “Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. E por aí vai.

Existem também expressões bem interessantes que vagueia pelo reino animal pra nos trazer uma mensagem. “Bode Expiatório”, “Picar a Mula”, “Vaquinha de presépio”.

“Bode Expiatório” tal expressão vem da Idade Antiga, quando ainda existiam os holocaustos, em que se sacrificavam um animal em um altar nos ritos de muitas religiões, como o judaismo. Daí, quando uma pessoa, de uma hora pra outra se vê envolvida num escândalo, onde muitos estão envolvidos, mas somente esse ou aquele é que é exposto. O que abre um precedente pra outra expressão: “Pagou o Pato”.

“Picar a Mula” é expressão bem interiorana, dos sertões brasileiros. Está associada ao ato de evadir-se; fugir do local em que alguém se encontra; safar-se. Está relacionada ao ato de incitar o animal através do uso das esporas em seus flancos para que corra.

“Vaquinha de Presépio” essa expressão que tem muito a ver com “Bode Expiatório”. Significa expor alguém de modo vexatório. Ridicularizar, tornar público de modo pejorativo. A palavra presepada por exemplo, nada ter a ver com presépio, esta de cá refere-se a estábulo, estribaria, lugar, local onde se coloca equipamentos para trabalhos agropastoril. Já presepada é espetáculo de vagabundo, bagunça, alarido de rua.

Seria possível o popular tornar-se culto e vice-versa? Vejamos. Certa vez o renomado jurista Rui Barbosa entrou numa barbearia e disse:

“Venho diante de ti para escanhoar meu frontispício, e que atribuas o corte costumeiro aos pelos da minha região occipital. Caso não me dê por satisfeito com tua obra, com minha bolota de sobreiro, aplicar-te-ei algumas bordoadas ao cocuruto!”

Se não fosse tão culto poderia apenas ter dito:
“Quero fazer barba e cabelo, o mesmo corte de sempre. Caso não goste do serviço, darei umas cabadas de bengala na tua cabeça!”

Natal é palavra que vem de nascimento. Aniversário refere-se a qualquer coisa que se repete a cada ano, (do Latim) amni-vers-arium; uma versão por ano. Pré-natal, Neo-natal e Pós-natal, são referências as estágios gestacional de uma lactante(a que amamenta) e seus lactente(o que mama).

Há muitos anos na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na cidade de Garanhuns-PE. Passou um padre que era famoso por suas investidas com as mulheres. A ponto de uma delas acabar engravidando. O bispo em visita a cidade, acabou encontrando a tal mulher e por acaso perguntou-lhe:

-De quem esse menino na barriga?

-É do padre Inácio?

-Oxente! E padre Inácio tirou a batina?

-Não. Segurou com a boca.


Fabio Campos 18.12.2012 No blog fabiosoarescampos.blogspot.com em Breve o Conto inédito: “A Lenda do Natal”

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