Foi dada a largada! Contagem regressiva, para o dia do pleito eleitoral às majoritárias deste ano. Faltam só sessenta dias. Vale tudo daqui pra frente! Está na hora da marcação serrada, seguir, perseguir os passos dos adversários. Saber o que cada um anda “inventando”, pra não ficar pra trás. A conversa é uma só: quem está bem, quem está mal nas pesquisas. Pesquisas, muitas delas surgidas do nada, nunca existiram de fato, mas corre a boca miúda, por interesse das bocas graúdas.
Campanha eleitoral nos municípios é um período interessante. Diferente das Estaduais e Federais. Ela simplesmente sacode a cidade! Mexe com todo mundo! Ninguém consegue ficar imune. Ninguém seja pretensioso a ponto de achar que pode se colocar na neutralidade. Ficar de fora, apenas esperar o dia e ir votar. Ledo engano. Isso só quando o voto não for mais obrigatório, meu caro! E quanto menor for o município, maior, o disse me disse, o fuxico, e a cachorrada.
Cada candidato, desde o início, providenciou uma “equipe” de cabos eleitorais, que se tornaram da noite para o dia, “experts” em campanha eleitoral. Sua função, trocada em miúdos, é chafurdar a vida dos adversários, divulgar entre o eleitorado que o candidato (o que ele está apoiando, claro) está entre os mais cotados, se não o melhor! E garantem, têm um cem número de votos certos.
Candidato bom tem que ter uma causa nobre pelo qual pretende defender e lutar. De preferência que esteja relacionada a direitos que beneficiem o povo. Jamais cometer o pecado de entrar em controvérsias, sobre assuntos polêmicos: se colocar contra o aborto, o homossexualismo, ou concordar com qualquer que seja aumentos de tarifas que penalize a classe trabalhadora. Primeiro mandamento do candidato: seja ecumênico, aceitem todas religiões! Jamais sejam ateus! Eleitor que se preza tem uma crença!
Meu caro candidato, caso você seja abstêmio, diabético, tenha colesterol alto, ou hipertenso, não goste de picuinha e fuxico. Aceite um conselho. Desista! Pois queira ou não, você terá que renunciar a vergonha na cara, tomar desde xerequeté a pinga da “limpa”, provar (e pagar pra todo mundo) vinho jurubeba quente, rapadura com água de barreiro. Tomar café amargo, passar noites de sono, comer tripa de porco com gosto de mijo, “Pior sem ela” sapecada na brasa. Não perder festa de boneca. Comer buchada fedendo a “fato” cru, com farofa de osso, e ainda dizer que está uma delícia! Tomar Pitu com tira-gosto de cassáco, cobra ou “cuião” de jegue assado. Aguentar conversa de bêbado, horas a fio, cuspindo na sua cara, nas bodegas, puteiros, rinhas de galo e vaquejadas. Comemorar vitória de time de várzea, bancar a farra de batizado, formatura e casamento.
Numa determinada campanha eleitoral, dum município desse nosso sertão “véio” de guerra, um cabra que tinha por sobrenome Costa, se inventou de candidatar-se a vereador. Ao se encontrar numa farra, com um repentista amigo seu. Pediu-lhe pra criar uns versos pra servir de música de campanha. O violeiro tomou mais uma lapada de cana. Dedilhou o pinho, e soltou a voz:
“Caro amigo eleitor
Pra você trago a proposta
Vote nesse candidato
Seu nome fulano Costa
Dê seu voto diretinho
Nem que seja um pouquinho
Esse é melhor que bosta!”
A farra, claro, acabou. Foi porrada pra todo lado.
Fabio Campos 03.08.2012 No blog fabiosoarescampos.com Conto inédito: “Aprendizes de Pai”
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