Você já deve ter tido a oportunidade de tê-las visto, e principalmente escutado, pois afetam-nos com mais ênfase nossos ouvidos. Refiro-me a um diabólico brinquedinho que voltou à moda no meio infanto-juvenil. Duas bolinhas de plástico polipropileno, presas a uma argola de metal por cordão de nylon. A elas se aplica o princípio fundamental da dinâmica (2ª Lei de Newton), força sob as massas, daí a aceleração. O resultado é as bolinhas se chocando, produzindo um som irritante.
Bolinhas. Ah! As bolinhas! Como estão presentes em nossas vidas, simplesmente não podemos excluí-las. Se não vejamos. No principio não havia nada e Deus disse: - Faça-se a luz! Onde? Em duas bolinhas! O sol e a lua. “E Deus viu que era bom, e dividiu a luz em dia e noite. (Gênesis 1-1)”. Esse mundo, não passa de uma bola, onde vivemos tentando nos equilibrar. Nos esportes, impossível determinar o número de modalidades que a utilizam. Pelé o atleta mais famoso do mundo, venceu na vida chutando uma. Se pretendemos ficar milionário, torcemos para que cinco ou seis delas, saiam de dentro de um globo - que é uma bola - com os números que apostamos.
Estão ocorrendo as Olimpíadas de Londres. Bolas irão consagrar pessoas, torná-las famosas, entrarão pra posteridade. Esperamos que os “meninos e meninas de Ouro do Brasil”, vôlei de quadra, vôlei de praia, futebol olímpico, sobretudo o feminino que tem nossa querida Marta, que voltem pra casa com a bola cheia! E que tragam muitas medalhas!
No mundo da criminalidade, bola, pode adquirir conotação totalmente diferente da que estamos acostumados a ver. Por exemplo, uma porção de droga, crak, ou maconha, vendida em saquinho pode ser chamada de bola. Também a propina, paga pelos traficantes a policiais corruptos. Políticos corruptos se utilizam da “bola” como recursos para encobrir falcatruas, tanto pagam, como recebem em pagamentos. O termo, nesse caso, nasceu da isca apetitosa, contendo veneno, que se usa para se matar cachorros raivosos, ratos, taturanas, etc.
Bolas na internet mereciam uma crônica à parte. Podemos dar uma pitada: os “emotions” aquelas bolinhas alegres, com as quais enfeitamos nossas mensagens. Na escrita, os dois pontos, as reticências, o ponto final. Sabe o que é o asterisco? É um ponto com cabelo rastafári!
Você já parou pra observar como é que a gente nasce? Ora, a partir de duas bolinhas! Dos ovários, é liberado um óvulo. De outras duas bolinhas, os testículos, são liberados os espermatozóides. E as duas bolinhas vão se encontrar para ocorrer à concepção, a fecundação. Após nove meses boiando dentro de uma bola d’água, a gente nasce. Como conseguimos enxergar o mundo? Através de duas bolinhas, os olhos. O instinto de sobrevivência vai levar-nos a procurar mais duas bolinhas, os peitos, pra sugar o leite materno.
Outro dia, lá estava eu, dando minha aula tranquilo, a turma concentrada. De repente um aluno de outra turma, do lado de fora da sala, começou a usar o maldito brinquedo das duas bolas (acho que se chama bate-bate). Parei a minha retórica, e suspirando comentei:
-Ah! Como eu gostaria que as bolinhas que estivessem se chocando desse menino fossem aquelas que ele tem no meio das pernas!
Toda a turma veio ao riso.
Fabio Campos 30.07.12 Breve no Blog fabiosoarescampos.com Conto inédito: “Aprendizes de Pai”
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