Quando eu trabalhava no Banco do Brasil, a recomendação que existia em instruções internas do Banco era a de que a Bandeira Nacional deveria ser guardada em local digno. Era hasteada, normalmente, às 8 horas e arriada às 18 horas. Diferentemente do dia 19 de novembro, Dia da Bandeira, quando era hasteada às 12 horas. Se acaso o seu tecido aparecesse desbotado ou estragado por ação do tempo, de chuva, vento ou sol, a bandeira, nessas condições, deveria ser entregue a uma unidade do Exército para incinerá-la.
Ao ingressar no quadro social de Lions Internacional, encontrei neste clube de serviço o rito protocolar, obrigatório e respeitoso, do canto da primeira estrofe do Hino à Bandeira ao início de cada reunião ou de evento festivo. Aprendi, também, que nessas reuniões festivas ou comemorativas a Bandeira Nacional deveria ficar localizada, por determinação legal, à direita da tribuna, do púlpito ou da mesa diretiva.
Admiráveis, então, os adjetivos empregados por Olavo Bilac, autor da letra do hino, a partir do “lindo pendão da esperança” e do “símbolo augusto da paz”, para louvar, gloriosamente, a Bandeira Brasileira, um dos Símbolos Nacionais, como previsto no Art. 13, parágrafo único, da Constituição Brasileira de 1988. Aliás, a Bandeira Nacional Brasileira é Símbolo Nacional pétreo.
O Adjetivo “augusto”, por exemplo, tem amplos significados, como respeitável, majestoso, venerando, sublime, entre outros.
Lembro-me bem do orgulho com que duas jovens estudantes conduziam a Bandeira Brasileira, em marcha triunfal, ao som bem ritmado, afinado, da banda fanfarra do Ginásio Santana, à frente de desfiles cívicos em Santana do Ipanema.
Aquelas garbosas jovens do meu tempo de ginasiano conduziam, verdadeiramente, o Símbolo Augusto da Paz, com letras maiúsculas, não um pano qualquer, uma bandeira qualquer. Elas conduziam um símbolo respeitável, majestoso, sublime, como assim pensou, em 1889, o genial contista, jornalista e poeta Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865-1918), autor da letra do belo Hino à Bandeira.
Hoje vemos, com tristeza, pela televisão, esse Símbolo Nacional banalizado pelo Brasil afora, servindo de vestimenta “costumizada”, levado ao ombro, ao pescoço ou amarrado à cintura de grupos violentos, fanáticos, sectários, cegamente cheios de ódio.
Recordemos o episódio mais recente que horrorizou o país inteiro, em meio à devastadora pandemia do Coronavírus que tem causado milhares de mortes de brasileiros. Refiro-me ao ataque a médicos e enfermeiras que promoviam, pacificamente, manifestação na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Todos de branco, perfilados, exibiam cruzes e reverenciavam colegas da saúde mortos pela pavorosa Covid-19.
Afinal, o Símbolo Augusto da Paz tem o significado maior de verdadeira paz, de sublime harmonia entre irmãos brasileiros. Jamais deveria servir de sentimento de ódio, de intimidação, de vingança, de perseguição, ora derramado no seio da pacata família brasileira.
Maceió, maio de 2020.
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