Diz-se, inicialmente, que cone é um artefato, geralmente de plástico rígido, provido de tubo vazio, afunilado a partir da base, medindo aproximadamente 70 a 80 cm de altura, sempre pintado de vermelho e com listras brancas horizontais. Objeto utilizado como sinal de advertência em vias urbanas, em obras de construção, etc. e em rodovias, como marco indicativo de certa norma de trânsito.
O taxista que vez por outra me leva a restaurantes e a eventos diversos, poupando-me de ocorrências previstas na Lei Seca, contou-me esta estranha história do cone que andava de um lado para o outro, dançando no asfalto, numa blitz policial, à vista de curiosos motoristas.
Pensei tratar-se de ilusionismo, de mágica, mas não era.
Em aula, há algum tempo, lembrava-me o instrutor de trânsito o cuidado que deve ter o condutor de veículo ao avistar cones em quaisquer vias públicas ou rodovias. Esses objetos comumente indicam advertência, perigo, ocorrência de acidente e, no mínimo, blitz policial. Pode também acontecer que se trate de falsa blitz, comandada por bandidos. “Muito cuidado, então”, observava o instrutor.
Costumo viajar, dirigindo, com destino a cidades próximas de Maceió, indo também a Santana do Ipanema, Caruaru, Gravatá, Garanhuns, Aracaju e Recife. Em viagens para eventos do Lions Clube nessas cidades, juntava-me a companheiros de clube em grupo de vários automóveis. Viagens, com certeza, divertidas, com paradas aqui e acolá, sem pressa de chegar. O que mais valia nessas excursões era a boa amizade, era o sadio companheirismo.
Um dos companheiros de viagem, graduado militar reformado, não se preocupava com eventual blitz nessas viagens de recreio, de turismo. Dizia ele que se sentia seguro, protegido, porque sempre portava a documentação pessoal e a do veículo absolutamente em dia, sem problema. Dessa forma, nada haveria que lhe fizesse irritado em tais abordagens. O agente policial estaria, no seu entender, cumprindo obrigação funcional, em defesa da sociedade, como dever do Estado.
Hoje, com tanto veículo nas ruas, além do cuidado com o seu automóvel, a preocupação maior será com os veículos dos outros, com a chamada direção defensiva. Preocupação, também, com o enxame de motos em estreitos espaços no engarrafado trânsito. Acrescente-se, ainda, a essa parafernália a buzina dos impacientes e irritados motoristas. Verdadeira loucura!
Retornemos ao estranho cone que dançava no asfalto. Tratava-se, afinal, do desesperado movimento de uma pobre galinha guardada debaixo de um dos cones de uma blitz policial. Único espaço que um agente encontrara para prendê-la, antes de levá-la à panela. Vai daí, o cone andava pra lá e pra cá, dançando no asfalto...
Maceió, novembro de 2018.
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